O ex-candidato a prefeito de Ipojuca - no Grande Recife - e presidente municipal do PR na mesma cidade, Miguel Sales, anunciou nesta quinta-feira (21) sua desfiliação do partido.

Em carta enviada ao presidente estadual da legenda e deputado federal, Inocêncio Oliveira, o ex-progressista reclama da falta de apoio do governador Eduardo Campos (PSB) e de correligionários à sua candidatura. “Para mim é incoerência estar num Partido vinculado a um comando que não tem fidelidade aos seus coligados, sobretudo aqueles que ergueram a sua bandeira desde os primeiros passos de sua jornada”, disse em relação ao PSB, que apoiou a postulação de Carlos Santana (PSDB), vencedor do pleito. “O secretário de Turismo, Eduardo Feitosa, proclamando-se presidente do PR, foi a vários comícios dos distritos de Ipojuca, ao lado de Eduardo Campos, para dizer que ’não votasse em mim, no 22; mas em Carlos Santana, no 45’, o mesmo fizera a deputada Luciana Santos, do orbital e servil PCdoB, apesar de seu Partido ser um dos coligados de minha candidatura”, completa o texto.

Leia a íntegra: Meu caro deputado Inocêncio Oliveira: Cumprimentando-o fraternalmente, agradeço-lhe por me ter nomeado presidente do PR em Ipojuca e me incluir no Diretório Estadual do Partido.

Homenageio, ademais, a sua lealdade.

Pois sei que sem ela - em razão dos interesses empresariais e palacianos que norteiam Ipojuca - jamais eu seria candidato a deputado ou a prefeito do município.

Porém, ocorrências político-partidárias que vêm se acumulando, torna inviável a minha filiação no PR.

Eis, em resumo, os fatos: Logo após Anderson Ferreira se eleger deputado, pleiteou para o seu controle o PR de Ipojuca, inclusive por moções junto ao presidente nacional do Partido - o qual, depois, fora afastado do Ministério dos Transportes, ante a acusação de certas improbidades.

O alvo pretendido era impedir a minha candidatura como prefeito, certamente para satisfazer interesse dele e/ou de outrem.

Permaneci com o PR local e fui candidato, reitero, graças a sua lealdade.

E esta, independentemente de ideologias partidárias (se e que elas ainda existam), é um dos requisitos da ética e da dignidade na política, como nos fala a filósofa alemã Hannah Arendt.

Para Anderson, a minha suplência foi fundamental para sua vitória, mas não para permanecer no PR.

O PR, no nascedouro da candidatura de Eduardo Campos (quando este patinava em 4% da intenção de votos), fora e é dele um forte aliado.

Porém, nas últimas eleições, diversos candidatos da Frente Popular de Pernambuco não tiveram o seu apoio, mas os do PSDB, entre outros, sim.

Ultimamente cite-se, como exemplo, Jaboatão, Ipojuca e Limoeiro, sendo o candidato deste último do próprio PSB.

Para mim é incoerência estar num Partido vinculado a um comando que não tem fidelidade aos seus coligados, sobretudo aqueles que ergueram a sua bandeira desde os primeiros passos de sua jornada.

Contudo, a atitude de Eduardo Campos não foi causa motriz da minha decepção.

Mas supunha que onde houvesse candidato da base aliada, o governador, no mínimo, iria ficar neutro: ou seja, não se envolveria nas disputas paroquiais.

A minha indignação foi causado por quadros do próprio PR.

Explico: O secretário de Turismo, Eduardo Feitosa, proclamando-se presidente do PR, foi a vários comícios dos distritos de Ipojuca, ao lado de Eduardo Campos, para dizer que “não votasse em mim, no 22; mas em Carlos Santana, no 45”, o mesmo fizera a deputada Luciana Santos, do orbital e servil PCdoB, apesar de seu Partido ser um dos coligados de minha candidatura.

No inicio, eu figurava em 1° lugar nas pesquisas.

Porém, diante de tal adversidade: sem dinheiro, sem nenhuma estrutura partidária e espremido pela máquina do Estado e do Município, vi, pouco a pouco, o prenúncio da derrota.

Porém, caí com os meus ideais, sem fazer qualquer tipo de acordo com um ou outro candidato ou seus padrinhos.

Por fim, nobre presidente, doe em minha sensibilidade humana, pertencer a um Partido que está em comunhão com um governador que se diz socialista, que almeja a Presidência do País, mas não respeita a Constituição jurada, a qual fundamenta a nossa República, com a promoção da moradia digna.

Mas em vez de ele se empenhar para concretização desse direito primário e social, prefere (assim como Feitosa, que para tal desumanidade outrora me procurou) excluí-lo com violenta repressão policial.

Isso, por exemplo, ocorreu recentemente.

Mais de uma centena de policiais do Batalhão de Choque, do Corpo de Bombeiros e do Comando das Operações Especiais, munidos de armas e máquinas pesadas, espancaram e destruíram casas de moradores de uma vila inteira, situada entre Porto de Galinhas e Maracaípe, no município de Ipojuca.

As alternativas apresentadas pelos moradores para relocalização com saída pacífica de nada adiantaram.

Ao contrário, decorrente de tamanha insensatez, permanecem mais de 150 famílias, atordoadas, desamparadas dentro de desativado e ameaçado clube municipal desativado, sem se ter as mínimas condições de vida e de privacidade humanas.

Portanto, pior que a senzala.

E ainda se quer vender para a Nação o município como se fosse uma vitrine de gestão e de desenvolvimento econômico e social.

Na verdade Ipojuca é uma ilha de riqueza cercada de pobreza e descaso por todos os lados.

No ensejo, endereço a V.

Exa. e aos nossos leais companheiros as minhas saudações de amizade e gratidão.

Miguel Sales Suplente de deputado federal pela Frente Popular de Pernambuco