Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PSB), que já tentou sem sucesso se lançar à Presidência da República, mudou o tom quanto a uma possível, para não dizer provável, candidatura nacional do seu co-partidário Eduardo Campos, governador de Pernambuco.

Antes defensor ferrenho da manutenção da aliança com o PT da presidenta Dilma Rousseff, agora Ciro defende uma candidatura própria do PSB.

Mas joga pressão para Eduardo Campos, por quem não nutre muita simpatia. “Se nós queremos apresentar uma candidatura própria, e eu gostaria que nós apresentássemos, temos que sair do governo, dizer por que saímos e oferecer ao povo brasileiro um embrião de projeto para o país, para que se justifique”, disse Ciro, em entrevista à TV Diário, emissora cearense.

A declaração passa para Eduardo Campos a responsabilidade de romper com Dilma.

O pernambucano e a presidenta, aliás, estão num jogo de ir “empurrando com a barriga”, procastrinando, para não ficar marcado como responsável pela cisão na base governista.

Na mesma entrevista Ciro reclama “decência” do PSB, dando a entender que a manutenção do partido na base não seria uma atitude ética.

O cearense disse não achar razoável que o PSB fique “catando migalhas do banquete onde estão PMDB e PT e deixe para largar esse osso só na véspera da eleição”. “Se isso acontecer, acho que teremos cometido um grave erro”, disse.

Há poucas semanas, em fevereiro, Ciro afirmou em seu programa de rádio que nem Eduardo Campos, nem Aécio Neves e nem Marina Silva têm “reais propostas para o País”.

Ciro diz que Eduardo não tem proposta para o Brasil e empurra PSB para crise interna Eduardo Campos evita polemizar com Ciro Gomes CIRO - Após passagens por PSDB e PPS, Ciro entrou no PSB em 2003.

Integrando a base do governo Lula após enfrentá-lo nas eleições presidenciais de 1998 e 2002, Ciro convivia com os mimos de Lula (PT) para o afilhado político Eduardo Campos, que foi conquistando espaço no terreno do cearense.

Quando Eduardo Campos alcançou a presidência nacional do PSB, Ciro perdeu espaço.

O partido impediu suas tentativas de se candidatar à Presidência e reduziu sua força ao Ceará, estado em que fez o seu irmão, Cid Gomes (PSB), governador.

A dupla adora dar declarações pouco amistosas sobre o presidente do partido.

Desde janeiro o ex-ministro anunciou seu “afastamento da política” por dois anos para ser comentarista de futebol num programa de rádio sobre a Copa do Mundo de 2014.

A parada pode ter sido estratégica, diante da iminente candidatura do seu desafeto Eduardo Campos.

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