Em meio a bate-boca entre parlamentares, palavras de ordem, vaias, aplausos e muito tumulto, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias fez ontem sua primeira reunião sobre a presidência do pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), quando foram aprovados seis requerimentos com pedidos de audiência pública.
Na tensa sessão, com a sala da Comissão repleta de manifestantes de movimentos sociais e de igrejas evangélicas, houve agressões verbais e xingamentos entre os deputados que, em algumas situações, quase trocaram sopapos.
Na véspera da primeira reunião da Comissão, Feliciano retirou da pauta projetos considerados polêmicos e ainda definiu quando eles serão votados.
Feliciano é acusado de homofobia e racismo.
Os ânimos ficaram acirrados durante as quase duas horas de sessão.
De um lado, representantes de movimentos sociais, que berravam sem parar palavras de ordem contra Feliciano. “Estelionatário!”, “Racista!”, “Fundamentalista!”, “Pastor ditador!”, “Fora Feliciano!”.
De outro, uma caravana de fiéis de igrejas evangélicas, que lotou a sala da Comissão, sentando nas cadeiras reservadas para deputados.
Os cerca de 50 evangélicos aplaudiam efusivamente cada fala de Feliciano. “Eu sou presidente desta sessão.
Não cedo à pressão.
Se os senhores não pararem vou ter que esvaziar a sessão”, repetiu o deputado, diante dos protestos. “Os outros manifestantes vieram convocados pelos deputados do PT.
Então o pastor Feliciano também convocou os seus”, justificou o líder do PSC, deputado André Moura (SE).
Sem conseguir se locomover sozinho pelos corredores da Câmara e ladeado de 20 seguranças, Feliciano não viu nenhum problema em comandar uma sessão que mais parecia uma praça de guerra e em meio a tanta balbúrdia com claques pró e contra a ele. “Vai ser uma bênção!”, disse o pastor, referindo-se aos manifestantes.
Um dos momentos mais tensos da reunião foi o embate entre Feliciano e o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-secretário de Direitos Humanos do governo Lula.
Os dois só não se agrediram porque a briga foi apartada pela “turma do deixa disso”.
Feliciano fingiu não ouvir Nilmário, que ficou em pé na sua frente.
Momentos depois, Nilmário sentou-se para reclamar do comportamento do pastor que, ironicamente, perguntou quem era ele. “Quem é o senhor?
Como é o seu nome?”, indagou Feliciano.
O petista disse então que Feliciano não tinha “legitimidade” para presidir a Comissão.
Em protesto ao comportamento do pastor, que cassou a palavra de deputados do PT e do PSOL, a bancada petista se retirou.
Mal entrou na sessão e Feliciano tentou fazer um pronunciamento pedindo “humildes desculpas” se havia ofendido alguém e também solicitando um “voto de confiança” dos movimentos sociais.
Suplente na Comissão, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) aproveitou para provocar os representantes de movimento sociais, chamando-os de gays e até empunhando um cartaz com dizeres ofensivos.
Também bateu boca e quase trocou socos com o deputado Domingos Dutra (PT-MA), ex-presidente da Comissão.
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