Gilberto Alves se viu em situação inusitada (Foto: Clemilson Campos/JC Imagem) Por Carolina Albuquerque No Jornal do Commercio desta terça-feira A apreciação ontem na Câmara do Recife do veto total do ex-prefeito João da Costa (PT) ao projeto de lei nº 122/2011, que trata da iluminação em passarelas da cidade, gerou, no mínimo, uma saia justa para o autor da matéria, vereador Gilberto Alves (PTN). É de praxe o líder do governo, posto hoje ocupado por ele, recomendar aos governistas manter os vetos oriundos do Executivo.

E assim o fez.

Porém, a orientação causou a insurgência de alguns vereadores governistas e, claro, da oposição.

Ao final, votado separadamente, o veto foi rejeitado por um placar de 24 a 3.

Gilberto, a priori o mais interessado na aprovação do projeto, juntamente com outros 10 vereadores preferiu se ausentar da votação.

Num primeiro momento, Gilberto alegou que aceitaria o veto para depois refazer e readequar constitucionalmente o projeto.

Em seguida, recuou e sugeriu a retirada. “Na condição de líder, é dever defender os encaminhamentos do Executivo.

Mas o projeto tinha o indicativo das comissões para a aprovação.

Então, ficou esse impasse na interpretação da constitucionalidade”, disse.

Segundo ele, em casos como o de ontem, o melhor é que os vetos sejam apreciados separadamente, levando-se em conta os aprovados pelas comissões e os que não.

Essa foi a terceira sessão neste ano em que a análise de vetos do Executivo constava na ordem do dia.

No entanto, nas anteriores, quase que “orquestradamente”, o governista recomendou a manutenção dos vetos, e a oposição a rejeição.

Por ser maioria, os governistas ganharam e o mérito dos projetos, todos de ex-vereadores da Casa, não recebeu maior atenções.

Em defesa do veto, o vice-líder do governo, vereador Carlos Gueiros (PTB) lembrou que o parecer foi dado pelo gestor passado, João da Costa.

O ônus de uma possível derrota, assim, não poderia ser creditada ao atual, Geraldo Julio (PSB).

Da bancada de oposição, Priscila Krause (DEM) contestou. “Não podemos dar dois pesos e duas medidas para a análise dos vetos que chegam a esta Casa”.

Da ala governista, Marco Aurélio (PTC) foi um dos insurgentes. “Será que nós devemos levar em consideração ser a favor do veto só porque é do governo, ou melhor pensar na soberania da Casa?”, provocou.

Apesar de estar na ala oposta, ficou em sintonia com André Régis (PSDB). “A sistemática de encaminhamento da votação pelo governo e oposição tem levado a uma auto-desmoralização da Casa. É preciso rever isso”, ponderou.

O primeiro a se colocar em defesa da legalidade do projeto, o oposicionista Raul Jungmann (PPS) disse que, ao final, a Casa saiu ganhando. “A questão é saber se essa mesma lógica (de analisar o mérito) vai continuar depois”, alfinetou.