Os membros da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) promovem, nesta quinta-feira (14), sessão pública sobre sobre casos de ex-militantes do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) que constam na lista preliminar de mortos e desaparecidos políticos.

A lista é alvo de análise da comissão.

O evento tem início ás 9h, no auditório do Museu do Homem do Nordeste, na avenida 17 de Agosto, em Casa Forte.

Os nomes que constam na lista preliminar de mortos e desaparecidos são Ramires Maranhão do Valle (secundarista), Almir Custódio de Lima (secundarista) e Ranúsia Alves Rodrigues (estudante de enfermagem).

No evento, também serão analisadas as circunstâncias das mortes de outros integrantes do PCBR.

São eles: Miriam Lopes Verbena (professora) e Luís Alberto de Sá Benevides (estudante ciências sociais) que teriam sido vítimas em acidente de carro, em Caruaru (8 de março de 1972), e Ezequias Bezerra da Rocha, geólogo (proprietário do carro onde estavam Miriam e Luís).

Durante a sessão pública, serão ouvidos o irmão e cunhada de Ramires, Romildo Maranhão e Sônia Beltrão, respectivamente; Sonia Coutinho Calheiros, que esteve presa com Guilhermina (viúva do ex-militante Ezequias) e Rildete Alves Rodrigues, irmã de Ranúsia.

A relatora Nadja Brayner explica que as oitivas são fundamentais para ajudar no esclarecimento dos fatos que levaram a prisão de vários militantes e desmascarar os cenários oficiais armados para justificar os assassinatos.

Os relatores são Roberto Franca e Nadja Brayner, membros da Comissão Dom Helder.

CASOS – A versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança à época para justificar as mortes de Almir Custódio de Lima, Ranúsia Alves Rodrigues e Ramires Maranhão do Vale é de que eles participaram de um suposto tiroteio na Praça Sentinela, em Jacarepaguá (RJ), em 27 de outubro de 1973, e morreram.

As circunstâncias não são claras.

As ouvidas de Romildo Maranhão, Sônia Coutinho e Sônia Beltrão (presos após estas mortes), devem ajudar a traçar o roteiro de chegada e permanência do casal no Recife, assim como a programação das viagens ao interior do Estado.

Com relação Ezequias Bezerra, a “versão oficial” é que ele se evadiu durante encontro com companheiros do partido em 12 de março de 1972, na cidade universitária.

Em 1991, no entanto, após comparação de digitais do ex-militante com um corpo encontrado no município de Escada, o assassinato por tortura foi confirmado.