Foto: Hélia Scheppa/JC imagem Por Bruna Serra, do Jornal do Commercio De pés e mãos atados diante do acirramento que ainda assola o partido em Pernambuco, a Executiva nacional do PT não consegue encontrar caminhos para repactuar as bases partidárias.
O desfecho da reunião do sábado (9) - marcada para comemorar os 33 anos da legenda e os dez anos de poder à frente do governo federal, mas que terminou com muita troca de tapas e empurrões - foi tratado por Francisco da Rocha (Rochinha), do diretório nacional, como lastimável.
No Recife, tumulto marca evento de comemoração dos 33 anos do PT “Isso poderia ter sido evitado.
Foi um erro não convidar João da Costa para a mesa.
Qual o problema ele estar lá?
Colocava ele numa ponta e João Paulo na outra.
Ele não é ex-prefeito?
Não é uma liderança?
Tinha que ter sido tratado assim.
Teria-se evitado todo esse cenário lastimável e constrangedor”, ponderou, ao relembrar as motivações da confusão.
O dirigente contou ter recebido um telefone do presidente estadual do PT, Pedro Eugênio, solicitando representantes da nacional para a “festa”.
Assegurando que a nacional tem trabalhado para restabelecer a paz entre os petistas pernambucanos, Rochinha não vislumbra um cenário ameno antes do próximo Processo de Eleição Direta (PED), que acontece em novembro e deve restabelecer a correlação de forças internas. “Um dos caminhos que se apresenta hoje é o PED.
Porque a partir dele vai se ter novamente uma maioria que vai ter interesse em repactuar com a minoria e, a partir de então, recomeçar o diálogo com outras bases e com vistas às eleições de 2014.
Se até lá não cometermos mais asneiras, já ajuda muito”, alfinetou Rochinha.
Presente à mesa na tensa reunião de sábado, o ex-prefeito João Paulo condenou a confusão ocorrida e disse que essa situação ainda é um reflexo da prévia disputada antes da eleição no Recife. “Aquelas pessoas (militantes ligados ao ex-prefeito João da Costa) extrapolaram todos os limites.
E aquela cena de desrespeito foi um reflexo, em menor grau, do que vivemos nas prévias partidárias.
André de Paula (presidente do PSD) e o representante do PDT ficaram horrorizados”, afirmou.
A despeito das divergências entre João Paulo e João da Costa, ambos concordam em um ponto: a situação do PT em Pernambuco tem impossibilitado uma agenda no Estado da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. “O futuro agora é incerto.
Justo nesse momento que a presidente Dilma precisa tanto do PT pernambucano, a banda do partido que apoiou o PSB na eleição passada tem aquele tipo de comportamento constrangedor”, alfinetou João Paulo, referindo-se ao apoio velado dos partidários de João da Costa à candidatura do hoje prefeito Geraldo Julio (PSB).
João da Costa também ponderou que a situação atrapalha no cenário nacional. “Por que você acha que Dilma e Lula ainda não vieram aqui?
Primeiro pela divisão do PT e segundo pela situação confortável do PSB”, admitiu.
O senador Humberto Costa, candidato derrotado por Geraldo Julio, não compareceu ao evento de sábado e preferiu não se manifestar sobre a confusão no Hotel Jangadeiro, em Boa Viagem.