Não é verdade que a refinaria Abreu e Lima, que a Petrobras constroi em Suape, com inauguração prevista para novembro de 2014, vá operar com óleo da Venezuela, como chegou a sugerir o ex-presidente Hugo Chávez.
Há várias explicações para o fornecimento nacional.
A primeira delas é a questão logística.
A refinaria foi projetada para pegar o óleo pesado em navios na Bacia de Campos.
A operação de cada navio dura dois dias de navegação.
Hoje, o diesel que é importado pelo Nordeste chega por grandes navios em São Luis e depois é redistribuído por cabotagem pela costa.
Essa é a grande contribuição que a refinaria dará ao governo Federal, deixar de importar diesel. É por isto que, no governo federal, ela é vista mais como uma fábrica de diesel e não uma refinaria.
O perfil de produção não deixa dúvida.
Dos cinco derivados (GLP, nafta, Diesel, gasoleo e coque, o diesel representa 70% da produção da “refinaria”. “Aqui, vamos transformar graxa em diesel”, brinca um técnico da empresa.
Uma das razões para que a refinaria local não rode (produza gasolina) é justamente o perfil planejado (que impõe um tipo de equipamento específico e não outro, cujas decisões são tomadas com muita antecedência) para o empreendimento.
Para a Petrobras, até 2006 pelo menos, o Brasil iria ser exportador de gasolina até 2020.
A aposta no diesel vem daí.
Só que a compressão no preço da gasolina, por necessidade política, para não aumentar a inflação e desagradar consumidores-eleitores, mata qualquer planejamento da estatal, uma vez que deixa a decisão nas mãos dos motoristas.
Essa mesma compressão do preço da gasolina tira atrativo do etanol.
O resultado é que se continua importando gasolina no país.
No perfil de produção atual, 45% é diesel, 22% gasolina, 11% é nafta e 10% é GLP.
Não se conta com o óleo da Venezuela, em todo caso, porque o vizinho enfrenta queda na produção, como poderia ter óleo para mandar para o Brasil.
Além disto tudo, os venezuelanos queriam como contrapartida, participar da distribuição, com cerca de 500 postos no Nordeste.
Com vocação monopolista, a estatal, claro, nunca aceitou.