O anúncio do desmembramento do Parque de Exposições do Cordeiro, feito pelo Governo do Estado, no último sábado (2), pegou a Associação dos Criadores de Pernambuco de surpresa.

A entidade reclama com a argumentação de que se deve levantar a discussão sobre qual o propósito de mudanças em relação ao lugar e o porquê de se falar em aprovação de um projeto sem consulta ou comunicado prévio aos criadores.

O atual vice-presidente da ACP, Emanuel Rocha, diz que é preciso – antes de qualquer projeto ser apresentado à população – ouvir a associação e avaliar com cuidado as mudanças feitas, principalmente num momento de extremas dificuldades, em consequência da seca que assola o estado. “Estamos vivendo a pior seca dos últimos 40 anos.

A produção de leite caiu de 2,200 milhões litros/dia para 800 mil.Precisamos de toda a ajuda possível, para mantermos a criação e aplacarmos os prejuízos.

Um projeto como este, que transforma o Parque de Exposição de Animais num parque urbano, sem que sejamos ouvidos, sem que antes procurem nos socorrer num momento tão difícil, quando já temos inúmeros parques no entorno, não pode ser anunciado sem qualquer consulta ou comunicado prévio ao setor agropecuário.

São R$ 26 milhões que poderiam ser empregados para a ajuda que o setor tanto precisa, com extrema urgência e de fundamental importância para Pernambuco”, pontua Emanuel.

Segundo o presidente eleito, a possibilidade de transformar o Parque de Exposições em parque urbano tem sido ventilada desde 2011.

E, ainda segundo ele, desde então, a ACP vem buscando diálogo com o governo – no intuito de apresentar razões mais do que plausíveis para a manutenção do local com a finalidade de atender o setor agropecuário, como vem sendo há 71 anos.

A tentativa de diálogo, entretanto, não obteve êxito, mesmo com a apresentação de uma carta (em dezembro de 2011), na qual a ACP apresenta as carências mais urgentes do parque – em busca de soluções que pudessem trazer melhores condições de trabalho aos criadores. “Há dois anos estamos aguardando uma resposta que nunca veio.

Este local tem sido, nas últimas sete décadas, modelo de parque para o país, onde os criadores encontram apoio e têm a possibilidade de discutir avanços no setor agropecuário, além de também encontrar espaço para expor e vender seus animais. É um apoio fundamental e um espaço que não pode ser colocado em segundo plano”, reclama.

De acordo com Warner Silva, diretor da ACP, o Parque do Cordeiro é um local onde trabalhos desenvolvidos no campo da genética agropecuária em Pernambuco ganham visibilidade e apoio, de importância vital ao setor, sendo exemplo em todo o país. “Esse já seria um forte motivo para a manutenção do parque.

Não entendemos porque, justo num momento tão difícil, quando todo o apoio é mais do que necessário, estão pensando em fechar portas”, questiona.

Warner reforça seu questionamento ao citar vários espaços urbanos no entorno - inclusive o Parque do Caiara, que passou por reestruturação recente, no governo do ex-prefeito João da Costa, onde foram gastos R$ 9,673 milhões - e Academias da Cidade (na Torre, no Canal do Cavuco, o Caxangá Country & Golf Club e na Estrada do Forte). “A necessidade mais urgente é o apoio aos criadores.

Queremos e devemos ser ouvidos.

Ficamos surpresos e estamos sem entender porque não fomos consultados a respeito.

Tivemos conhecimento, através de terceiros, de que a maquete se encontra pronta e que o projeto será apresentado na próxima segunda-feira (11), nos propondo um parque indoor, nos fundos da área atualmente ocupada.

Então, vão mesmo tirar o nosso maior apoio no pior momento que a agropecuária vive?

Toda a classe agropecuária pernambucana está surpresa”, diz.