Imagem: reprodução da internet Um dia após o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) ser eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, a população do Recife realizará um ato de repúdio à nomeação.
O protesto acontecerá a partir das 16h em frente ao diretório estadual do partido do deputado federal, na rua Arquimedes de Oliveira, 235, bairro de Santo Amaro.
A convocação foi toda realizada pela internet, na rede social Facebook.
Até o fim da manhã, 480 pessoas confirmaram presença no ato.
A manifestação promete contar com apitos, faixas, bandeiras, panelas e batons.
O cotidiano do pastor Marco Feliciano O “evento” na rede socail foi criado pelo pedagogo e artista Eric Justino, de 31 anos, após ver movimentações nacionais em fóruns virtuais demonstrando a insatisfação com a eleição de Marco Feliciano. “No Recife também temos um bom grupo de pessoas que estão revoltadas com esta nomeação, tornando viável o ato”, afirma.
O foco do ato não é o partido, que representa uma parcela da população brasileira, mas o deputado federal e pastor Marco Feliciano, que segundo os organizadores do protesto é “uma pessoa de extrema ignorância e insensibilidade aos grupos que mais precisam da comissão”.
Eric chama a atenção para a necessidade de extravasar a indignação. “Precisamos colocar a cara nas ruas.
As pessoas precisam nos ver, ver que a gente não gostou da indicação, ver que as pessoas são negras, homossexuais, indígenas, mulheres.
Os grupos oprimidos historicamente não querem isso”, diz o pedagogo, que avalia o ato como um recado de que a sociedade “está de olho” na atuação do parlamentar.
Eric também chama atenção para a forma equivocada com a qual Marco Feliciano se relaciona com as populações negra e LGBT, sempre fundamentada em suas convicções político-religiosas.
E vê com tristeza ter colocado alguém que, segundo Eric, tem uma visão unilateral da sociedade, para presidir uma comissão tão importante para a democracia brasileira. “Negros, homossexuais e indígenas não tem representatividade alguma no legislativo.
O único espaço em que temos salvaguarda é esta comissão, que agora está presidida por uma pessoa que não corresponde às expectativas”, queixou-se. “De forma alguma uma pessoa para presidir aquela comissão pode estar atrelada a apenas um grupo político, por alguém cuja formação cultural, política, ideológica e social parte apenas da Igreja.
Não é adequado.
O nosso Estado é laico”. “Queremos uma comissão com multiplicação de olhares sobre o mundo.
E quando esse olhar é filtrado por um olhar uníssono, baseado numa religião, limita o olhar sobre os outros grupos da sociedade civil”, diz o pedagogo. “Todos os equívocos cometidos por ele [Marco Feliciano], tanto em relação à população negra quanto à população LGBT, estão vinculadas à Bíblia”, atenta.
O pedagogo alerta que a manifestação não é um movimento anti-religioso e nem contra o PSC.
Mas um pedido de atenção para o tamanho do poder que esse grupo fundamentalista cristão tem adquirido no legislativo brasileiro - e os riscos trazidos pelo cenário. “Eles são representantes da sociedade civil, mas o que está acontecendo é que agora temos a representação de um único grupo social legislando num Estado laico”.
Para agradar o aliado PSC, o PT cedeu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias ao PSC, que indicou Marco Feliciano.
A primeira tentativa de elegê-lo enfrentou fortes protestos de movimentos sociais.
O evento foi cancelado e um novo foi convocado, após o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), determinar que os movimentos sociais estariam impedidos de participar.
Antes de iniciar a votação, na última quinta-feira (7), o então presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA), discursou renunciando ao cargo cargo, se recusando a comandar uma eleição sem a participação dos movimentos.
Marco Feliciano foi eleito com 11 votos a favor e 1 em branco e divulgou um vídeo “chorando de emoção”.
O pastor afirma que “a comunidade LGBT tem privilégios”, os quais ele defende acabar a frente da Comissão. “Vou cuidar da pauta da família”, diz, com a certeza de que a união familiar não pode ser constituída por duas pessoas do mesmo sexo.
Para ele, “o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição”.
Em 2011 escreveu que “os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado de Noé”, e que tal maldição explica o paganismo, o ocultismo, as misérias e doenças" no continente.
O Blog tentou contato com o presidente estadual do PSC, o deputado federal Carlos Eduardo Cadoca.
Mas ainda não tivemos retorno.
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