No Jornal do Commercio desta quinta-feira Terminou em tumulto e bate-boca, ontem, a sessão em que seria escolhido o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

A reunião foi marcada por pressão de integrantes de movimentos sociais e discursos de parlamentares contra a indicação do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP).

Depois de duas horas de discussão, o atual presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA), encerrou a sessão e marcou para hoje a eleição, na qual será proibida a entrada de manifestantes.

Feliciano, que passou o tempo todo em pé e num canto do plenário, teve que sair escoltado por sete seguranças, xingado de racista e homofóbico.

Manifestantes passaram a sessão inteira gritando palavras de ordem contra Feliciano, e exibiram cartazes com imagens de Martin Luther King, Desmond Tutu e Betinho.

Em minoria na comissão, os deputados com tradição de atuação nos direitos humanos fizeram várias manobras para suspender a sessão ou eleger outro nome.

Umas das ideias foi lançar a deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), escolhida pela sua legenda para ser a primeira vice-presidente.

Do grupo de Feliciano, a parlamentar recusou a proposta.

O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), repetiu o alerta: “A indicação do deputado Feliciano foi uma radicalização.

Se o PSC insistir, vai complicar a coisa. É inaceitável.

Essa é a comissão da tolerância.

Não haverá paz”.

Impaciente com a postergação da votação, o líder do PSC, André Moura (SE), não atendeu apelo para trocar o nome do indicado pelo partido e criticou o prejulgamento. “Deem a ele a chance de mostrar que não é como estão pintando.

Sejamos tolerantes”.

Domingos Dutra se irritou em alguns momentos com o líder do PSC: “O PSC que armou essa confusão e indicou o candidato.

Agora, aguente”.

O PSC tem cinco vagas de titulares na comissão de Direitos Humanos, todas cedidas por outros partidos.

Duas pelo PMDB, duas pelo PSDB e uma pelo PP.

Uma das vagas do PSDB era destinada ao líder da legenda, Carlos Sampaio (SP), que abriu mão.

Ao todo, a comissão tem 18 titulares.

Para ser eleito, o presidente precisa ter os votos de pelo menos dez deles.

Depois da confusão e da posterior pressão do PSC, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, marcou para a hoje pela manhã a nova reunião, mas determinou que a sessão seja fechada, com a presença apenas de deputados e jornalistas credenciados.

Alves irritou-se com o relato do que ocorreu na comissão: “Os deputados que forem contrários podem se ausentar ou votar contra, mas não como foi hoje (ontem).

A democracia exige isso.

Esta Casa tem que primar pelo respeito, e eu tenho o dever de assegurar o exercício da função dos parlamentares.

A indicação do PSC tem que ser respeitada.

Não está em discussão o mérito.” Na saída da reunião com o presidente da Câmara, Feliciano disse que foi agredido fisicamente por manifestantes e afirmou também que não desistirá: “Fui chutado, me agrediram e xingaram minha mãe.

Sou um cristão, jamais reagirei.

Mantenho minha candidatura.

Vou mostrar que não sou nada do que estão falando.” O pastor criticou a decisão de Dutra de suspender a sessão. “Ele (Dutra) não teve pulso.

Quebrou o regimento.

A eleição deveria ter ocorrido”.