O que acontece quando religião e legislação andam juntas.
No Jornal do Commercio deste sábado A possibilidade de o deputado e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) vir a presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara provocou reação de parlamentares de outras legendas e com tradição de atuação nessa área.
Conhecido por suas posições radicais e conservadoras em relação a homossexuais, negros e a qualquer prática de aborto, Feliciano é um dos favoritos no PSC para assumir a comissão, o que será decidido na próxima terça-feira.
O deputado fala que, se vier a comandar a comissão, pretende quebrar a hegemonia da comunidade LGBT. “Na comissão só vejo a comunidade LGBT.
Só se fala disso ali.
Há um privilégio para esse grupo.
Se tiver a felicidade de ser presidente, vou cuidar da pauta da família.
Sei o que é certo e errado.
Agora, o pessoal que se acha dono da comissão não me quer lá.
Que mistério é esse?
O que não querem que eu descubra lá?”, indagou Marco Feliciano.
Um dos fundadores dessa comissão, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-ministro dos Direitos Humanos, diz que qualquer partido pode presidi-la, mas não qualquer um.
Sem citar o nome de Feliciano, Nilmário diz que alguém com o perfil do deputado não deve estar à frente da comissão. “Qualquer partido pode assumir a comissão, que é suprapartidária, vinculada aos preceitos da Constituição e da Declaração Universal.
Não pode ter preconceito contra ninguém, nem deve.
Agora, não pode ser uma pessoa que não comunga com os valores dos direitos humanos, que tenha preconceitos e discriminação.
Esta comissão funciona há 20 anos como um espaço dos movimentos sociais e das minorias.
Não se pode cortar isso”, disse Nilmário Miranda.
Ele citou um parlamentar do PSC que poderia ocupar o cargo: “Tem Hugo Leal (PSC-RJ).
Já me falaram bem dele, que é um deputado muito sério, muito respeitado e muito querido”.
Feliciano diz que Jean Wyllys o persegue.
Feliciano passou a sexta-feira rebatendo críticas à sua indicação para a comissão na rede social.
Ele escreveu em seu Twitter: “Perseguição religiosa?
Marco Feliciano sofre retaliações da comunidade LGBT para não assumir a Comissão”.
O parlamentar já disse que o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição.
Em 2011, criou polêmica ao escrever que “os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé”, e que essa maldição é que explica o “paganismo, o ocultismo, misérias e doenças como ebola” na àfrica.