Foto: Agência Brasil Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB No período feudal surgiu no Japão um personagem especial.
Batizado de “ninja”, era conhecido como um articulador político especial que usava métodos secretos e a espionagem para ganhar uma guerra, chegando a fazer o contraponto aos samurais, que praticavam a luta aberta.
No imaginário popular, o “ninja” acabou sendo tido como um ser invisível, que, acreditava-se, conseguia até mesmo andar sobre as águas, sem ser percebido.
Hoje os ninjas dos jogos eletrônicos infantis são personagens capazes de grandes e repentinas transformações, que praticam acrobacias e que, se existissem no interior nordestino, certamente seriam apelidados como “o cão chupando manga”, tal a capacidade de enfrentar qualquer cenário adverso.
Em Pernambuco, estado acostumado a fazer uma política radicalizada, onde, como dizia o deputado federal José Mendonça, “cada um deve ter seu lado”, o ministro Fernando Bezerra Coelho ganhou esta semana o apelido de “ninja” nos corredores da Assembleia Legislativa.
Na verdade, contrariando por completo a radicalização pernambucana, Fernando já passou por seis partidos políticos.
Começou pela direita na Arena/ PDS/ PFL, depois filiou-se ao PMDB, PPS e PSB e agora, sendo verdadeiras as especulações políticas recentes, estaria para ingressar na esquerda, representada pelo PT, e ser candidato majoritário em 2014 – possivelmente a governador.
Com tal currículo a exibir e uma extrema capacidade de transformação, ninguém tem dúvida sobre a possibilidade do ministro, que foi colocado no governo federal por recomendação do governador Eduardo Campos, vir a romper com seu padrinho e apoiar a candidatura da presidente Dilma à reeleição, antes mesmo que Eduardo decida enfrentar ou não uma carreira solo.
Bezerra teria dado sinais disso na própria reunião que o governador realizou em Gravatá para anunciar um pacote de apoio aos prefeitos.
Enquanto Eduardo e o secretário Tadeu Alencar fizeram discursos mostrando as realizações do Governo Estadual, Bezerra Coelho cerrou fileira ao lado do senador Humberto Costa e só falou no que Dilma estava fazendo por Pernambuco.
Ainda por cima, chegou atrasado ao encontro e disse ao governador, ao microfone, que estava chegando naquele horário porque teria tido um encontro com a presidente que mandara um abraço para ele, Eduardo.
O “abraço” de Dilma, visto em outros tempos como uma deferência, foi interpretado pelos socialistas como uma ironia do ministro.
Apesar de majoritária, não é unânime a opinião dos governistas sobre a possibilidade de Fernando se filiar ao PT.
Alguns deputados imaginam que ele estaria, o que é considerado natural na política, se cacifando para entrar no rol dos majoritários não do PT, mas do PSB.
Para isso, deixara vazar a versão de que poderia vir a ser um petista à espera de que o governador, para não perdê-lo, resolvesse incluí-lo nos planos de 2014 como candidato a governador ou a senador.
Só o tempo dirá quem tem razão.
O certo, porém, é que Fernando, certamente, a julgar por sua trajetória, se dará bem em qualquer partido em que venha a ingressar.
Não é à-toa que foi chefe da casa civil do governador Roberto Magalhães que abandonou em seguida e se aliou ao então adversário, o governador Miguel Arraes.
Em 1990, já no PMDB, Fernando articulou a aliança com o atual senador Jarbas Vasconcelos indicando seu pai, Paulo Coelho, para vice de Jarbas na campanha que acabou derrotada para o governo.
Em 1992, ainda no PMDB, ele foi eleito prefeito de Petrolina, partido que abandonou para se filiar ao PPS e assumir o lugar de candidato a vice-governador de Arraes em 1998.
Ainda no PPS elegeu-se novamente prefeito de Petrolina em 2000.
Reeleito em 2004 saiu da Prefeitura dois anos depois para coordenar a campanha de Eduardo a governador e se filiar ao PSB.
Em Petrolina acredita-se que o sonho de Fernando é repetir a trajetória de Nilo Coelho e ser governador e senador.
Para isso estaria disposto a migrar para o grupo que lhe garantisse a viabilização deste projeto.
O PT pode ser a bola da vez.
CURTAS Nova Chapa – O ministro Fernando Bezerra não está cotado apenas para o governo em 2014.
Filiando-se ao PT poderia, segundo revelam alguns petistas, ser candidato não só a governador como a senador.
Neste caso o PT apoiaria o senador Armando Monteiro para o governo e colocaria o deputado federal João Paulo, na vice.
Tudo para dar um palanque forte a Dilma.
Candidato – Na Assembleia já se trabalha com a possibilidade de o PT vir a se desgarrar da base governista.
Ninguém, porém, se arrisca a dizer quando.
O certo é que a bancada petista já não vai mais à tribuna defender o governador dos ataques da oposição como acontecia no primeiro mandato.
Oposição – Apesar de minúscula – tem apenas nove dos 49 deputados – a oposição está incomodando a bancada governista na Assembleia.
Um simples pronunciamento mostrando falhas do governo é tido como o fim do mundo e desperta amuos e reclamações como se fosse feio cobrar até mesmo celeridade nas obras públicas.