Da Agência Estado O ex-ministro Ciro Gomes (PSB) usou do tom ácido que lhe é peculiar para voltar a bater no seu partido, o PSB, e no governo federal (para atingir o PMDB), em palestra ontem, durante café da manhã para empresários, em Salvador.
A palestra deveria tratar das “Perspectivas para a economia brasileira”, mas ele acabou falando também sobre política.
Ciro se disse defensor da reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014, mas observou que se o seu partido quiser lançar candidatura própria deverá deixar o governo federal “desde já” e mostrar à sociedade brasileira as falhas da atual administração. “Como alguém quer ser presidente da República sem percorrer o País, expondo suas ideias, mostrando os erros e o que pode ser feito.
Se o cara é candidato contra a reeleição da Dilma, então tem que sair do governo.
Sou um velho que se mantém preso às suas crenças na lealdade, coerência e decência”, disse, fazendo referências a Eduardo Campos, potencial candidato à sucessão presidencial pelo PSB.
Ciro Gomes criticou também o que definiu como “banquete fisiológico, clientelista, quando não corrupto”, que existiria entre os partidos mais próximos ao governo, e salientou que as demais legendas que compõem a base aceitam comer “migalhas embaixo da mesa, sem ter qualquer influência numa agenda progressista para o País”.
O ex-ministro explicou que defende a permanência de Dilma no comando nacional porque, segundo ele, em comparação a outras pré-candidaturas já postas “a do PT é muito melhor, apesar dos seus graves defeitos”, embora tenha ressaltado em seguida que a sua opinião não significa um desmerecimento das eventuais candidaturas de Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (Rede, em construção).
Salientou que esses eventuais candidatos até agora não apresentaram ideias ou projetos para o desenvolvimento do País.
No último domingo (24), Ciro já havia dito em Fortaleza (CE) que Campos seria desprovido de visão e de projeto.
Ciro também fez críticas pesadas à política econômica comandada pelo ministro Guido Mantega.
Disse que o setor econômico nacional “vive na melhor das hipóteses um período medíocre” e contestou o anúncio do Banco Central que prevê crescimento econômico de 3% para este ano. “Não vislumbro a possibilidade de a gente crescer acima de 2%”, estimou, e concluiu: “crescimento não é consequência de boa vontade, nem de conversa fiada em Brasília”.
Em 2010, Ciro tentou viabilizar candidatura própria à Presidência da República, mas o PSB de Eduardo Campos terminou fechando o apoio a Dilma.