Leia carta enviada pelo sociólogo Adelson Borba Cavalcanti sobre a polêmica em torno do relacionamento de Cajá com Dom Helder Câmara: As trapalhadas de Cajá e a blogueira cubana Cajá responde as críticas de Terezinha Nunes em torno de ato contra blogueira cubana Terezinha Nunes refirma que Cajá traiu Dom Helder Advogado de presos políticos diz que Dom Helder ficou mal com trapalhadas Amigo de Cajá diz que deputada Terezinha Nunes tenta caluniar sociólogo A ilustre deputada Terezinha Nunes insiste em atacar Cajá, cometendo um grande equívoco em propagar a visão distorcida dos fatos cujo o único beneficiário só pode ser a direita.

Fui militante estudantil na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) no período e, pessoalmente, junto com outros colegas, percorri as salas de aula para denunciar as torturas sofridas por Cajá e convocando uma assembleia.

Os estudantes de pronto atenderam aos nossos apelos e compareceram em massa, cerca de 4 mil pessoas, realizando a maior assembleia dos estudantes da Unicap até o dia de hoje.

Tive a honra de usar da palavra, pedindo apoio e solidariedade há mais uma vítima da violência da ditadura militar, que corria sério risco de vida.

Fiz e sinto orgulho desta pequena contribuição que eu dei na época.

Faria de novo, pois conheço Cajá há 35 anos, sei o seu caráter e me senti igualmente ofendido, pelas insinuações da senhora Terezinha Nunes, tentando contrapor a sua figura a de Dom Helder.

Assisti à missa celebrada pelo nosso grande Dom Helder, que contou com a presença solidária da grande cantora Elis Regina, uma semana depois dos tais bilhetes publicados pelos torturadores.

O próprio regime militar transferiu os responsáveis pelo truculento processo contra Cajá e as entidades das quais Cajá atuava para cidades de menor importância.

O delegado Galdino foi substituído pelo delegado especial Paulo Sete Câmara e o auditor também foi rebaixado para uma instância menor, logo após o julgamento de Cajá.

Portanto, as trapalhadas foram deles, nunca de Cajá.

Conheci pessoalmente Dom Helder, que nos recebeu gentilmente em comissão dos estudantes da Católica, que lutávamos, imaginem, para voltar a ter os seus diretórios acadêmicos e o seu DCE.

Nunca ouvi qualquer declaração do nosso grande arcebispo ou de pessoas ligadas à igreja que não fossem de solidariedade a Cajá, por ele ter correspondido no momento mais difícil num ser humano que é câmara de torturas, ter mantido a fidelidade e lealdade a todos os amigos da Diocese, do movimento estudantil, do setor jovem do MDB e ao seu próprio partido.

Fica a pergunta.

Por que a Sra.

Terezinha Nunes insiste em subestimar a enorme inteligência e sabedoria de Dom Helder tentando apresentar apenas como um misericordioso, passando o entendimento que se tratava de uma personalidade ingênua?

Dom Helder merece mais respeito pela solidariedade ativa que ele empreendeu a todos os perseguidos pela Ditadura independente da sua ideologia e da sua sigla partidária.

Atenciosamente, Adelson Borba Cavalcanti, sociólogo, empresário e ex-presidente do DCE da Unicap período 80/81.