Não é só a capital que tem a primazia quando o assunto são escolas sucatedas.

Em Olinda, de acordo com denúncia do sindicato da cetegoria, o clima de medo e insegurança toma conta dos profissionais de educação e de alunos da Escola Estadual Coronel Valeriano Eugênio de Melo, localizada no bairro de Caixa D’água.

A unidade de ensino apresenta diversos problemas de infraestrutura e já teve parte do prédio interditada.

Segundo uma denúncia apurada in loco pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, há cerca de oito meses, os dois prédios da escola foram condenados por engenheiros da Secretaria Estadual de Educação.

Contudo, para que os alunos não ficassem sem aulas, em setembro de 2012, foram instaladas salas em PVC, no mesmo terreno da escola, ao lado de um dos prédios condenados.

Dos prédios interditados, apenas o térreo de uma das edificações continua sendo utilizado por alunos e profissionais.

Com isso, a escola que contava com 18 salas de aula, laboratórios de informática e ciências, biblioteca e outros espaços, teve suas atividades reduzidas.

De acordo com um professor, que prefere não se identificar, os problemas se arrastam há alguns anos. “Os engenheiros interditaram o prédio ao lado e nos jogaram aqui.

Eles vêm, medem, calculam, mas ninguém faz nada.

Se o prédio cair nós seremos atingidos, assim como os alunos.

Disseram que o prédio está em risco, ou seja, nós estamos em risco.

Construíram salas ao lado de um prédio que já foi condenado.

Se ele cair, pode acontecer uma tragédia com essas crianças”, conta indignado.

Em uma rápida visita à escola, é possível encontrar diversos problemas, como infiltrações, rachaduras, afundamento do piso, afastamento entre colunas, vigas expostas, entre outros.

A unidade de ensino conta atualmente com 900 alunos, divididos em três turnos.

São estudantes dos ensinos fundamentais I e II, médio, especial, programa Travessia e Educação de jovens, adultos e idosos (EJAI).

Outro docente, que preferiu não se identificar, conta que na última terça-feira (19), um grupo formado por quatro engenheiros compareceu à unidade de ensino. “Após a interdição, ocorrida em junho de 2012, eles constantemente vêm até à escola.

Ficaram de conseguir outro espaço, mas até agora nada.

Esta semana, eles compareceram e disseram que não há risco de desabamento, porém, afirmaram que não há estrutura para receber mais de 300 alunos por turno.

Eles fizeram um relatório e disseram que iriam entregar a Gerência Regional de Educação (GRE) deste setor.

O que nos resta é aguardar.

Mas estamos pensando em convocar toda a comunidade para lutar pela escola”, detalha.

O Sintepe teve acesso ao lado técnico assinado pelo engenheiro Moyses Elian Avad Neto.

O documento aponta que a estrutura está comprometida e que foram feitas reformas indevidas nos dois prédios. “As patologias que são discussões da situação do edifício são preocupantes, mas ainda não levariam a estrutura exigente ao colapso, podem acelerar um processo de desgaste maior devido à falta de manutenção.

O mais importante para se evitar que ocorra um sinistro é a recuperação da estrutura física da edificação, fazendo os tratamentos que são recomendados…”. “Tem que se evitar que o desgaste da estrutura chegue mais próximo dos vãos internos.

As juntas de dilatação tem que ser tratadas para que as ferragens das vigas não entrem em processo de desgaste por efeitos de corrosão…”. “O mesmo já vem acontecendo com alguns pilares onde se verificou esse desgaste.

Na entrada da edificação foi feito um trabalho de revestimento indevido em alguns pilares, mostra que a recuperação não foi adequada.”.

Ainda segundo a denúncia, a reforma da escola custaria cerca de R$ 2 mi e estaria em fase de licitação.

Porém, nenhum dos professores entrevistados pelo Sintepe soube informar se já foi apresentado um projeto executivo da obra.

Enquanto isso, devido à estrutura reduzida, equipamentos como mesas, cadeiras, computadores, projetores e ferramentas do laboratório de ciências vão se perdendo no tempo.

De acordo com alguns docentes, existem pelo menos 44 computadores e 17 projetores ainda lacrados, que foram entregues à gestão da escola ainda no ano passado.

Datada do ano de 1979, a Escola Estadual Coronel Valeriano Eugênio de Melo é a única localizada no bairro de Caixa D’água e atende a diversas comunidades no entorno do bairro.