As mães que procuraram atendimento de parto, no último sábado (16), no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), no bairro dos Coelhos, área central do Recife, sofreram com a demora no atendimento, falta de leitos, médicos e assistentes sociais para dar informações.

De acordo com o ouvidor da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), Carlos Freitas, cerca de 33 gestantes encontravam-se no terceiro andar, na sala pré-parto, aguardando vaga no bloco cirúrgico para dar a luz aos seus filhos. “Muitas mães e acompanhantes estavam revoltados com a falta de informação e o péssimo atendimento das recepcionistas do hospital”, diz Freitas. “Estava acompanhando minha cunhada que estava em trabalho de parto, devido à superlotação, o atendimento a ela demorou.

Procurei saber informações, após ela ter sido levada para a sala de pré-parto, e as atendentes da recepção nem olhavam para a nossa cara”, desabafa Mônica Velozo.

Ainda segundo Freitas, muitas mães ficaram horas na recepção da maternidade, esperando um atendimento. “Cheguei com minha filha na noite da sexta-feira, transferida com urgência da Maternidade Barros Lima, e até às 15h do sábado, com minha filha com uma gestação de 9 meses e 11 dias, o parto de alto risco, ainda não tinha sido realizado”, desabafa a mãe da gestante, Sandra Cristina.

Ainda segundo Freitas, o pior ainda estava por vir, após serem atendidas e realizarem os seus partos, as mães, muitas com suas crianças recém-nascidas, eram alojadas nos corredores do hospital, devido à falta de vagas nas enfermarias do hospital, algo que gerou um caos no atendimento. “Como se não bastasse todo esse caos, procurei apoio com a assistente social, e fui informado que os profissionais desse setor, não davam expediente durante os finais de semana, além disso, muitas mães sofreram com a falta de profissionais para realizarem um simples exame de ultrassom.

Pois no setor de radiologia, haviam várias gestantes internadas precisando do exame, algo que gerou um tumulto, pois só havia uma médica para atender as pacientes de urgência e as que estavam marcadas”, explica. “Cheguei no IMIP na sexta-feira a noite, para fazer um ultrassom e percebi o caos instalado naquele hospital.

Tinha mãe dando a luz na recepção, outras com a bolsa estourada, e só vieram fazer o parto no sábado, ou seja, um dia depois, mulheres com crianças mortas no ventre, e não conseguiam fazer a coletagem, algumas disseram que estavam a mais de três dias lá.

Após presenciar tudo isso, consegui fazer meu exame, no sábado a noite, pois o médico que estava lá, saiu de meio dia e disse que só faltava às 18h.

Segundo os enfermeiros do setor, o médico estava de aviso prévio e fazia o que queria”, enfatiza a gestante de três meses, Mayara Bruna.