O arquiteto Jerônimo da Cunha Lima, responsável pelo escritório que desenvolveu o projeto imobiliário Novo Recife, fez nesta quinta-feira, em almoço em Boa Viagem, uma ampla explanação sobre os bastidores da iniciativa.
Em uma das revelações, atribuiu às críticas que o projeto imobiliário recebe a uma questão concorrencial, oriunda da rejeição de outros projetos previstos para a mesma área. “A primeira coisa que a gente fez, quando recebeu a incumbência do projeto, foi conhecer o que já havia sido sugerido.
Tinha 10 projetos para aquela área, na Prefeitura da Cidade do Recife.
Nós escolhemos dois deles para avaliar mais aprofundadamente”. “Um deles era chamado de Recife Utopia Viva e foi apresentados por acadêmicos locais e pela atual presidente do IAB (Vitória Régia), com gente de São Paulo.
O projeto era interessante, mas sem compromisso com a legislação.
Era feito dentro dágua e tinha tipologia de edifícios altos também”, descreveu. “O outro projeto foi o projeto Olinda e Recife, feito no governo Jarbas Vasconcelos, com uma equipe do Recife e Portugal, que tinha feito a Expo.
Esse projeto vinha do Complexo de Salgadinho até o Cais José Estelita.
A imagem do projeto na área do cais até hoje roda pela internet, associada erroneamente ao nosso projeto.
Igual ao projeto acadêmico Recife Utopia Viva, o Olinda e Recife não tomou conhecimento da legislação.
Eles achavam que podiam mudar a legislação.
Não havia recuos, embora a lei dissesse que não podia colar uns nos outros.
Os imóveis trabalhavam na rua, como se fosse uma Avenida Guararapes.
Nem havia área verde”, comparou.
Em depreciação aos projetos anteriores, Jerônimo da Cunha Lima comentou ainda que os projetos anteriores previam a utilização de toda a área, enquanto o Novo Recife utiliza apenas uma parte. “Não é o terreno inteiro.
Neste projeto que temos em mão, a área pública soma 45%, quando o normal, pela lei, é 35%” “Os investimentos que estão acontecendo no Porto do Recife confirmam o acerto do grupo de trazer para a área do Cais José Estelita habitação, comércio e área de escritório, em uso misto.
Vamos reabilitar toda uma área histórica que hoje está abandonada”, disse. “Em resumo, o projeto Olinda e Recife estava certo ao propor a reconstrução em áreas degradadas, que não fossem históricas, mas a projeto era equivocado.
O projeto Novo Recife cumpre toda a legislação.
Vamos criar uma nova orla no Recife, sem muros.
Vamos abrir novas conexões com a cidade, ao abrir os muros para a bacia do Pina”.
Em um último ponto, o arquiteto destacou que o Projeto Novo Recife, além de ter montado um plano de mobilidade com os técnicos da PCR, manterá a interligação ferroviária com a cidade. “O Novo Recife é o único projeto que não acabou com o trilho naquela área.
As pessoas poderão ter acesso ao Recife com o metrô, por meio do VLT.
A intenção do governo é que ele comece no terminal marítimo e vá até a primeira estação do metrô por meio de VLT”, frisou.