Foto: JC Imagem Fernando Lyra, um político valente Tive pouco contato com Fernando Lyra.

E foi contato menos político do que profissional.

Foi na segunda metade dos anos 80, quando trabalhei alguns anos como chefe de redação do Vanguarda, em Caruaru, após convite do então apenas empresário João Lyra Neto, diretor da Caruaruense.

Naquele época, eu acompanhava de perto, como dirigente do PCB de Caruaru, a luta de Fernando Lyra, Brizola, Ulysses Guimarães e de alguns partidos e lideranças de esquerda pela redemocratização.

Não votávamos para presidente da República.

A imprensa era mais censurada, politicamente, do que hoje, economicamente.

Tempos difíceis.

Eram os meus primeiros passos na política, e desde cedo aprendi, observando a articulação das forças para derrubar a ordem autoritária, como é fundamental saber dialogar com os adversários políticos, sobretudo quando estamos em desvantagem na trama dos lances táticos, ideológicos e políticos.

Lyra sabia articular essa luta e esse diálogo, e para tanto contava com dois mestres próximos, Tancredo e Arraes.

O que pude observar é que, naquele momento, a ação de Fernando Lyra foi a expressão fiel do seu combate, desde os anos 70, contra a ditadura.

Quando observamos, cada vez mais, a política degenerando-se como um negócio em detrimento do interesse público, é necessário lembrar a luta coerente e mesmo o destemor e valentia de gente que sabia estar arriscando a própria vida diante dos militares fascistas.

Fernando Lyra foi um desses homens que honrou o nome de Pernambuco e da boa política.

Fica o seu exemplo na forma de uma memória que devemos sempre recordar para nós e para as próximas gerações.

Meus pêsames à família.

Roberto Numeriano Jornalista e professor