Foto: BlogImagem A Comissão da Memória e Verdade de Pernambuco trouxe mais uma verdade à tona.

A jovem Anatália de Souza Melo Alves, com filiação política no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), falecida no dia 22 de janiero de 1973 foi, na verdade, assassinada.

Seu corpo, encontrado carbonizado na cela do DOPS no Recife, tem indícios de estupro - visto que as queimaduras tiveram início na região pélvica, numa provável tentativa de acabar com os inícios da violência sexual.

A conclusão do primeiro laudo do Instituto Médico Legal (IML), datado de 26 de janeiro de 1973, afirma que o corpo de Anatália foi encontrado com “membros superiores e inferiores em semi-flexão; (…) presença de uma tira de couro, com um nó, voltado para a face lateral direita do pescoço; cianose discreta na face; queimaduras extensas do 1º e 2º graus espalhadas nas seguintes regiões: femural anterior direita e esquerda, umbelical, pubiana; equimose na face anterior de pescoço, presença de um sulco (após a retirada da tira), linear, acima da laringe, sendo mais acentuado na face anterior do pescoço”.

Os peritos do IML viram suicídio.

Amordaçados pela ditadura, os jornais relataram que a jovem de 28 anos oriunda do Rio Grande do Norte se suicidou por enforcamento no banheiro do DOPS.

Mas após a Comissão localizar o antigo atestado de óbito, com fotos anexas, um novo laudo pericial foi solicitado.

O novo documento do Instituto de Criminalística, assinado pelo perito Dr.

José Zito Albino Pimentel e datado de 5 de dezembro de 2012, relata o caso (de registro 0444/1973) como homicídio.

O laudo leva em conta as fotos do corpo e informa que Anatália foi vítima de estrangulamento, “visto que o sulco deixado no pescoço exibe duas laçadas em posição horizontal, enquanto que para o enforcamento o sulco é ascendente”.

O perito diz ainda que “a alça de material plástico de 109 cm não é tamanho suficiente para a vpitima passar duas laçadas no pescoço e sobrar comprimento para amarrar a outra extremidade no apoio de sustentação”, destacando também que este apoio que supostamente sustentou o corpo sequer foi citado pela equipe técnica à época.

As marcas cinzas de fuligem no corpo da vítima, como revelam as fotos, é resultado do fogo ateado voluntariamente após o homicídio.

E a região em que o fogo foi ateado, caracteriza que o autor do evento - ainda não descoberto - quis encobrir a prática sexual, o estupro.

Seguido de assassinato, nas dependências da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco.

Nadja Brainer fala sobre nova versão do Caso Anatália Integrante da Comissão da Verdade de Pernambuco, Nadja Brainer, destacou que as investigações do caso não se encerram aqui. “Estamos investigando outras informações complementares do caso”, disse.

Uma destas informações é encontrar o(s) culpado(s) do homicídio.

O viúvo de Anatália, Luiz Alves Neto, também preso durante a ditadura militar, comemora a reposição da verdade histórica. “Agora podemos provar que a farsa era farsa”.

Ainda segundo ele, que reconheceu o corpo de sua esposa àquela época, os novos dados trazem mais tranquilidade para a família. “Eu sabia que ela havia sido assassinada.

Sabia”, desabafa.

Luiz Alves Neto vai solicitar retificação do atestado de óbico de Anatália de Souza Melo Alves, vítima da ditadura, e realizará o enterro simbólico do corpo.

Leia mais sobre a Comissão da Verdade: Major Ferreira confirma que empresários pernambucanos financiavam assassinatos de comunistas Suspeito de envolvimento na morte do Padre Henrique, Major Ferreira diz que visita túmulo do padre todo mês Major Ferreira diz que não sabe de nada sobre o ataque ao estudante Cândido Definidos os integrantes da Comissão da Memória e Verdade de Pernambuco Comissão da Verdade divulga lista inicial de mortos e desaparecidos pernambucanos, vítimas da repressão