Dada a grande diferença numérica entre parlamentares de governo (40) e de oposição (9) na Assembleia Legislativa, o líder da oposição na Casa, Daniel Coelho (PSDB), deu a receita de como a bancada pretende vencer o governo nos debates ao longo dos próximos dois anos da atual legislatura: através do poder de convencimento.

Segundo ele, é impossível a oposição, com um tamanho tão diminuto, vencer a bancada governista através do confronto. “Somos nove contra quarenta deputados.

A gente sabe que, numericamente, não temos condição de vencer o governo nas votações.

Isso é muito evidente.

Tínhamos, dois anos atrás, dez deputados na oposição.

Agora temos nove, porque o PMDB saiu para ingressar na bancada de governo.

O que a gente tem que ter em mente é que o trabalho da oposição não pode estar focado em derrotar o governo, mas sim em convencer.

Quando a gente acha que o governo está equivocado, errado, a gente tem que tentar convencer.

Se for tentar derrotar, se for para o confronto, evidentemente vamos perder todas as votações”, afirmou, falando sobre o mesmo tema em entrevistas concedidas nesta terça-feira às rádios JC/CBN e Folha.

Daniel deu um exemplo de como a estratégia pode sair vencedora. “Existe algo que aconteceu no primeiro semestre do ano passado na Assembleia que mostra que a gente pode vencer uma batalha sem, necessariamente, derrotar o governo.

Foi quando o governo anunciou uma termelétrica a óleo, na cidade do Cabo, que seria a usina mais poluidora do planeta.

O governo anunciou achando que seria um grande feito e nós mostramos a nossa posição, envolvemos a sociedade, conseguimos mobilizar diversas manifestações no Recife e no Cabo, e o governo foi convencido a voltar atrás”, destacou. “Então, a estratégia da oposição vai ter que ser sempre essa: tentar convencer o governo, mostrar, na base do argumento, do debate, qual é a nossa posição.

E ter também o equilíbrio e a tranquilidade de reconhecer o que está correto, o que está feito de forma adequada”.

O líder da oposição reiterou quais os temas que devem nortear o debate da oposição neste início de ano. “Existem alguns assuntos que estão pendentes ou parados desde o ano passado e que precisamos voltar a debater.

Entre eles, a questão do Lafepe, que muito incomodou os usuários do nosso Estado, as questões de segurança, educação e saúde, que vão, evidentemente, estar sempre na pauta.

A questão das estradas, especialmente as estradas menores, que ligam os municípios menos populosos do Estado, que estão num estado terrível de conservação, e, não tem como sair da pauta agora", pontuou. “A questão da Compesa é uma preocupação de todo pernambucano, uma vez que praticamente todos nós somos clientes da Compesa e a PPP que está sendo apresentada pelo governo, desde o ano passado, pode trazer alguns prejuízos à população, fato que foi reforçado pelo recente relatório apresentado pelo Tribunal de Contas do Estado”, finalizou.