No Jornal do Commercio desta quarta-feira A alta no preço da gasolina na bomba dos postos de combustíveis será de 4%, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
No Recife, revendas que estavam com estoque baixo passaram a receber combustível com o novo valor e alguns já começaram a praticar preços atualizados.
Um estabelecimento do Pina já exibia o valor de R$ 2,89 para a gasolina comum. “Os preços vão ficar entre R$ 2,90 e R$ 3,10”, diz o diretor do Sindicombustíveis-PE, Américo Barbosa.
Segundo ele um de seus postos já está praticando o novo preço, a R$ 2,94.
Considerando que, na média, a gasolina estava custando na faixa de R$ 2,79, o aumento para o consumidor final ficou mesmo no patamar estimado por Mantega.
Mas como boa parte dos postos ainda tem estoque, o valor antigo, até ontem, se mantinha em alguns postos.
O JC foi conferir as mudanças nas ruas e presenciou um caminhão de distribuidora já renovando o estoque num posto. “Já estamos pagando o preço novo, mas ainda não recebi ordem de aumentar o valor.
Vamos esperar o movimento da concorrência para não perder clientes”, disse o gerente do Posto Concorde de bandeira Total da Avenida Domingos Ferreira, João Falcão.
O movimento também mostra que não há risco de faltar gasolina como já aconteceu em aumentos anteriores, quando os postos seguraram a venda para aproveitar o novo valor.
Alguns como o Veneza, de bandeira Petrobras, na Avenida Conde da Boa Vista, havia sido abastecido anteontem e o estoque leva dois dias para ser reposto.
A alta do preço da gasolina nas bombas é menor do que a alta de 6,6% anunciada ontem pela Petrobras.
Isso acontece porque a gasolina recebe uma adição de 20% de álcool nos postos, produto com preço menor.
No próximo dia 1º de maio, porém, este percentual sobe para 25%, o que deve estimular as vendas do etanol. “Faz muitos anos que o preço da gasolina está defasado em relação à inflação. É uma pequena correção que não vai atrapalhar ninguém”, disse o ministro Mantega.
Ele avalia que a queda na tarifa de energia, nos juros e outras desonerações previstas para o consumidor ao longo de 2013 vão compensar o aumento no valor do combustível.
A Petrobras também anunciou ontem o aumento no preço do óleo diesel, que será de 5,4%.
A Fazenda avalia que a subida nos preços dos combustíveis causará uma alta de 0,16 ponto percentual no acumulado deste ano do IPCA, o principal índice de inflação no País.
Em anos anteriores, o governo retardou ou absorveu altas dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, com a extinção da cobrança da Cide (imposto federal dos combustíveis), o que terminou comprometendo o desempenho financeiro da estatal.
Este ano, Mantega acredita que o consumidor tem condições de absorver o aumento.
PÓS-CARNAVAL AINDA PIOR - Após o aumento da Petrobras, os consumidores devem esperar por mais um aumento a partir da segunda quinzena de fevereiro, depois que a Secretaria da Fazenda tirar a média de preços para chegar ao cálculo da substituição tributária. “Com os preços mais altos, o resultado da mordida da Fazenda será maior.
Devemos esperar dois a três centavos a mais no valor”, comentou o diretor financeiro do Sindicombustíveis, Américo Barbosa.
O consumidor, por sua vez, já tentava ontem adiar os efeitos do aumento completando o tanque com o preço antigo.
Foi o caso da bióloga Alcélia Cavalcanti. “Até semana passada conseguia abastecer a R$ 2,75 num posto da Avenida Norte.
Mas hoje já não havia mais esse preço e vim para completar a R$ 2,79.
Estou aqui para não pagar mais caro”, comentou.
O taxista Apolônio Santos avalia que o aumento terá rebatimento em outras despesas, como, por exemplo, a própria corrida do táxi. “Vamos esperar um novo aumento da tabela de táxis.
Quem define isso é o prefeito”, lembrou.
O estoquista David Souza já estava fazendo contas. “Acho que vou pegar mais ônibus para ir para o trabalho.
Vou ver o que sai mais vantajoso”, disse.
Apesar de o álcool ainda estar relativamente mais caro que a gasolina, o consumidor deve avaliar na hora se vale a pena colocar o derivado da cana.
Basta multiplicar o valor da gasolina por 0,70, que representa a média de 70% da quilometragem que o álcool rende em relação à gasolina.
Se ficar mais barato, valeria a pena.