Blog Imagem Por Fernando Castilho, do JC Negócios, para o Blog de Jamildo Se for confirmada a informação obtida pela jornalista Natuza Nery, publicada ontem no Jornal Folha de S.

Paulo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resgatou, em conversas com interlocutores, antigo projeto de ter o governador Eduardo Campos (PSB-PE) como eventual vice de Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014, o chefe do executivo de Pernambuco deve começar a organizar sua campanha não para ser vice, mas, para disputar o cargo já no próximo ano.

Pelo simples fato de que quem oferece uma parte do poder sabe que já não o tem por completo e tenta ao menos assegurar o que ainda pode ser mantido.

Se é verdade que o ex-presidente Lula pensa isso e até avança na escolha de um nome para substituir Michel Temer, do PMDB, é porque ele já abandonou Dilma Rousseff e agora cuida de manter o seu legado impondo Eduardo Campos no cargo sem ao menos tomar o cuidado de perguntar a Dilma o que ela acha disso.

Calma.

Não se pense que se faz aqui um defesa da tese.

Não é isso.

Mas o que o presidente não conta, mas onde comete um espetacular equivoco é achar que Eduardo Campos vai ser bunda de baleia quando pode ser cabeça de sardinha.

E pensando com os dois neurônios: porque ele, que agora é reconhecido como um adversário com potencial tão forte, que o próprio Lula se apressa em oferecer-lhe um lugar de vice um ano e meio antes das eleições, vai se contentar com isso quando ele mesmo pode comandar o processo?

Há um enorme equívoco (ou uma espetacular sacada que ninguém consegue ver) de Lula em conversar sobre isso tão antecipadamente, quando Dilma Rousseff se preparou para um governo de oito anos sabendo que teria que dizer a que veio no primeiro mandato, para se habilitar a disputar o segundo.

E ela, naturalmente, sabe o que o PT é capaz porque viu o que o partido fez a João da Costa no Recife e sabe que, para tentar manter o poder, o partido não pensaria duas vezes em rifá-la do cargo como foi feito com o novato João da Costa.

Mas, há diferenças naturais que uma disputa nacional exige, e a primeira dela é saber como vai ficar o PMDB, certamente o partido com melhor expertise de permanência no poder no Brasil e que age profissionalmente nessas questões.

Depois, é preciso entender que Dilma Rousseff organizou com o aval de Lula um governo de oito anos usando o segundo (2012) para fazer uma mudança estrutural na economia do País que, segundo ela, deve começar a surtir efeito ainda em 2013, consolidar-se em 2014 e deixá-la em vôo de cruzeiro a partir do segundo mandato.

O projeto de Dilma Rousseff tem começo meio e fim, do ponto de vista de planejamento econômico.

O diabo é que ela não o vendeu à classe política.

Não explicou direito à classe empresarial e agora entendeu de subir no palanque enrolando-se com a bandeira nacional para defender a conta de luz.

A questão, portanto, é por que Lula que a inventou politicamente e convenceu o povo brasileiro a dar-lhe a presidência da República, agora já fala em substituir o vice para garantir que ela seja reeleita?

Por que Eduardo Campos vai se contentar em virar fiador de uma presidente que ele já critica abertamente e faz um discurso, que nos últimos meses é tudo o que o empresariado nacional deseja ouvir em termos de participação do debate sobre as questões e ações do governo?

Quem nasceu para comandar não aceita ouvir ordens de quem considera incapaz de lhe ensinar alguma coisa. É da natureza humana ocupar espaço e o poder como já se disse por vários autores e pensadores do assunto não se divide, se ocupa. É difícil imaginar que Lula pensa assim mesmo e que avance numa perspectiva tão cruel com Dilma.

Mas, e daí?

Ninguém melhor que ele conhece Eduardo Campos e sabe melhor do que ninguém que ele não tem o perfil de se contentar com o cargo de vice-presidente na perspectiva de que em 2018 ser escolhido.

E aqui pra nós: alguém já viu um vice que fêz isso, se dar bem?