Lixo de um lado, CPRH do outro.
Uma rua os divide.
Mas o local virou depósito há anos Um caso curioso e lamentável no bairro de Santana, na Zona Norte do Recife.
Num trajeto de 30 metros, passamos por um belo parque, recém inaugurado pela Prefeitura; por um amontoado de lixo, onde a educação da população e a ação do poder público se mostram inexistentes; e ainda por um órgão público de controle ambiental, que parece não ver nada.
O belo Parque de Santana foi inaugurado nos últimos dias da gestão João da Costa.
Mas o agora ex-prefeito parece não ter visto (ou fingiu não ver) a montanha de lixo a poucos passos do parque.
Naquele terreno baldio, sem qualquer cercado, população e carroceiros lançam lixo de todas as origens, diariamente, dando ao local um fedor insuportável.
Naquele amontoado há lixo de construção, lixo doméstico, restos de comida apodrecendo, animais mortos e (muitos) animais vivos.
Moradores do bairro reclamam de ratos, escorpiões e cobras, além dos insetos que infestam a área. “De vez em quando aparecem uns cavalos por aí.
Mas era pior antes, que vivia cheio de porco”, afirma um morador.
De fato, aquele amontoado de falta de educação existe há alguns anos.
Também há anos e ainda mais perto que o parque está o Anexo I da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).
Na verdade a distância é de cerca de 6 metros.
Atravessar a rua.
Mas o lixo, os insetos, os animais e a educação ambiental da população parecem estar longe do órgão estadual.
Um outro entrevistado - que preferiu não se identificar, temendo retaliação da própria vizinhança - afirma que o hábito de depositar lixo nas redondezas é antigo e que antes o local favorito era na esquina do CPRH. “O lixo era aqui neste poste.
Mas eles (CPRH) colocaram uma placa dizendo que era proibido colocar o lixo lá.
O povo só mudou o lado da rua.
Mas agora eles não ligam mais.
Só cuidam do que é deles”, afirmou o morador, reclamando do órgão público.
As placas de fato estão lá.
E o lixo também.
Diariamente, carroceiros pagos para recolher lixo de restaurantes e estabelecimentos comerciais de Casa Forte levam os dejetos para o descampado em Santana. Às vezes são carros do próprio restaurante. “Muitas vezes já vi carrão novo, bonito, passando aqui e jogando os lixos”, recorda um vizinho da área.
Mas boa parte daquele entulho é levado pelos moradores.
Eles admitem, mas há alguns que tentam se esquivar da responsabilidade. “Isso daí quem faz são os carroceiros, que traz resto de comida, papel, plástico e atrai os bichos.
A população mesmo só leva resto de construção”, afirma um morador, com certo tom de indignação.
Ao lado, muro com muro com o terreno do lixo, existe a Casa dos Humildes, lar geriátrico sustentado por uma associação espírita que funciona no mesmo prédio.
Dezenas de idosos dormem ou moram no local, convivento com o cheiro fétido e as mais diversas espécies de insetos.
O tesoureiro do núcleo espírita, Albino Domingos, reclama também dos prejuízos trazidos pelos restos de construção, que agravam problemas respiratórios nos idosos. “De vez em quando a Prefeitura passa e faz uma limpeza, mas não fecha a área, que volta a virar um lixão.
Além do cercado, a prefeitura deveria investir mais em conscientização.
A falta de educação é a principal causa disso”, se queixa.
Apesar de presentes no prédio durante a visita do Blog, os responsáveis pelo Anexo I do CPRH optaram por não falar com a reportagem.
RESPOSTA - A Emlurb, em resposta à postagem do Blog de Jamildo, publicada nesta quarta-feira (30), informa que o material depositado irregularmente no terreno da Rua Henrique Machado, bairro de Santana, será recolhido ainda nesta semana.
Leia: Emlurb vai tentar coibir lixo no terreno em frente à CPRH As fotos escuras foram feitas pelo Blog.
Muitas não ficaram boas.
Por isso utilizamos também imagens do Google Street View captadas em 2011 (o que mostra que o descaso no local não é coisa de hoje).
O Parque Santana, inaugurado há um mês, fica a poucos metros do entulho.
Ainda mais perto do lixo está o Anexo I do CPRH. (Fotos: BlogImagem e Google)