No site AndradeTalis A justiça de Pernambuco descobriu um novo jeitinho de censurar um blogue: prender o jornalista responsável, por tempo indeterminado, em cadeia de segurança máxima.
A última notícia publicada no “Leitura Crítica” foi às 15h47m do dia 5 de outubro último, véspera das eleições.
Menos de uma hora depois, Ricardo Antunes, desarmado, foi preso no luxuoso escritório do banqueiro, empresário, industrial, publicitário, assessor de imprensa e marqueteiro Antônio Lavareda.
Confira Ricardo Antunes perdeu toda liberdade concedida para qualquer cidadão em um país democrático: 1.
Liberdade de expressão 2.
Liberdade de imprensa 3.
Direito de defesa Vejamos: 1.
Nos dias 5 de sua prisão e 6 de outubro último foi publicado o mesmo release da polícia do governador Eduardo Campos, informando que Ricardo Antunes pretendia vender uma notícia por um milhão de dólares.
Esta esdrúxula negociação (extorsão para os delegados investigadores) consta de um inquérito policial secreto.
Para divulgar o encarceramento foi armada uma “grande rede” de comunicação.
Dizem que a mesma rede que vem promovendo a campanha de Eduardo Campos a presidente da República. 2.
Os delegados ludribiaram quando prometeram que Ricardo Antunes iria assinar uma nota para a imprensa. 3.
A justiça, por sua vez, legitimou a ação policial, acusando Ricardo Antunes de criminoso de alta periculosidade, de constituir um perigo para a ordem pública, e jornalista inimigo. 4.
E mais: teria ameaçado Antônio Lavareda de morte.
Acontece que Ricardo compareceu a um encontro marcado por Lavareda, em um edifício super super vigiado.
Que Lavareda sempre anda cercado de guardas, temeroso, neste Pernambuco de máxima violência na cidade e no campo, de um sequestro.
Ricardo foi à fortaleza inimiga desarmado.
Todo antagonista teme o outro.
Por que Ricardo acreditou que não corria nenhum perigo, desde que republicou a notícia do Diário de Pernambuco de que Lavareda foi preso pela Polícia Federal por transportar armamento?
Quem carrega balas possui arma de fogo, pode presumir qualquer um.
Por que Ricardo, apenas Ricardo, correu todos os riscos? 5.
Ricardo passou a ser acusado de agressor de mulheres: uma empregada doméstica e uma balconista de uma companhia aérea.
Que polícia incompetente!
Que justiça tarda e falha!
Por que só agora esses crimes são revelados?
Por que Ricardo estava solto antes ou durante as “ameaças” a Lavareda? 6.
Ricardo é acusado de desacato a uma autoridade da Prefeitura do Recife.
Dessa autoridade denunciou alguma ladroagem? 7.
Idem de crime de infâmia e injúria.
Ora, ora, depende da “vítima”.
Assédio judicial e assédio extrajudicial podem ser uma indesejada honraria para um jornalista.
Um criminoso de colarinho (de) branco, a ficha mais suja que a do juiz Lalau, é capaz de pagar um pistoleiro para ameaçar, espancar ou matar um jornalista.
O bandido pé-rapado gosta de ser notícia policial, feito que lhe dá crédito de valentia, de poder, no mundo do crime. 8. É negado a Ricardo Antunes o direito de resposta.
O direito de escrever.
De qualquer defesa.
Quando os principais livros da literatura mundial foram escritos no cárcere. 9.
Nem precisava a polícia proibir, nem a justiça, que a imprensa de Pernambuco, e o omisso sindicato dos Jornalistas nada publicam em defesa de Ricardo Antunes.
O Sinjope fez uma “visita humanitária”, que abafou os rumores de que Ricardo vem sofrendo tortura física e tortura psicológica.
Foi mais uma visita que beneficiou a polícia.
E justificou a não concessão de um habeas corpus.
O medo dos jornalistas eu entendo.
Um dos motivos de não ser concedido o habeas corpus, o crime de ser desempregado.
Na ditadura Vargas existiam as delegacias de vadiagem.
Por que fecharam?
Se a justiça for prender os desempregados do Brasil… Fica criado mais uma pérfida desclassificação para os blogueiros.
A pecha de desempregado.
Vale para os que assinam blogues hospedados na grande imprensa?
A piada é que a imprensa policial noticiou que Ricardo Antunes era empresário.
Inclusive tiraram do YouTube os quatro comprometedores filmetes de Cardinot.
Quanto mais dinheiro ajunta um sujeito, mais fácil um habeas corpus.
Daniel Dantas, que comprou uma revista de papel cuchê para limpar o nome, ganhou dois em uma semana.
Injusta a censura prévia.
Determinou o desembargador Eurico de Barros Correia Filho: que Ricardo Antunes (…) “se abstenha, imediatamente, de veicular qualquer notícia, sobre qualquer assunto, em nome do aqui recorrente José Antônio Guimarães Lavareda Filho e de suas empresas, Inteligência XXI Ltda, Jiquiá Desenvolvimento Imobiliário Spe Ltda, Mln Construção e Incorporação Ltda e Patrimonial Incorporação Ltda, no Blog Leitura Crítica ou em outro sítio de informação (página de internet), e ainda em mídia escrita, sob sua responsabilidade, comando, gestão ou gerência, até ulterior deliberação, diante das circunstâncias que o caso requer.
Na hipótese de descumprimento da medida acima, fixo multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por cada inserção jornalística, em quaisquer das mídias citadas”.
Um desempregado pagar multa de cinco mil pratas?… Esclarecedor que a polícia e Lavareda consideraram o preço de um milhão de dólares para uma notícia de Ricardo Antunes. 10.
Jornalistas, radialistas, blogueiros, cinegrafistas, todo cuidado, vocês podem ser Ricardo Antunes amanhã.
Desde que considerados um inimigo, e uma denúncia jornalística classificada como extorsão.