Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Economia aquecida significa mais oportunidades de trabalho e aumento da massa salarial.

Sim ou não?

Depende.

Que o incremento das atividades econômicas representa a possibilidade de expansão do emprego é verdade.

Sobretudo numa economia em boa parte apoiada em atividades extensivas como a brasileira.

E, de fato, nos dias que correm, mesmo com a queda de crescimento do PIB em 2012, o mercado de trabalho vive uma situação considerada tecnicamente de pleno emprego, com a carência de postos de trabalho variando em torno de 5%.

Isto em comparação com os países da Europa, atolados em crise estrutural profunda, é uma vantagem considerável.

Porém quando assim acontece, não significa que a massa salarial cresça na mesma proporção.

No meio do caminho tem a avidez do capital por mais valia, atenuada ou não pela capacidade reivindicatória dos trabalhadores.

O que acontece hoje em Suape, aqui em terras pernambucanas, é exemplo emblemático.

Vira e mexe explodem revoltas motivadas justamente pela má remuneração e condições de trabalho aviltantes.

Suponhamos que, numa expectativa otimista, as metas de crescimento do governo venham a ser alcançadas neste ano que se inicia.

Os trabalhadores podem melhorar suas condições de existência, ou não - a depender da capacidade de suas entidades representativas organizarem a pressão reivindicatória.

Nesse sentido há uma boa notícia.

Hoje, quarta 23, em São Paulo, representantes de cinco centrais sindicais fazem reunião destinada a fixar a agenda de mobilizações da classe trabalhadora para 2013.

Presentes a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), CUT, FS, UGT e NCST.

Sinal de que farão a sua parte através de iniciativas unitárias.

Discute-se, inclusive, a realização de uma grande marcha a Brasília, no dia 6 de maio, quando levarão ao Palácio do Planalto documento com as principais reivindicações dos trabalhadores.

Claro que interessa ao mundo do trabalho um crescimento do PIB em torno de 4,5%, como propugna a presidenta Dilma.

Daí apoiar em a política de juros gradativamente reduzidos e o estímulo à produção e ao consumo.

Mas os trabalhadores também desejam que os frutos do aumento da riqueza cheguem aos seus lares.

A reposição de níveis salariais compatíveis com a inflação e a garantia de que isenções fiscais temporárias a segmentos industriais impliquem contrapartida na manutenção e na ampliação da mão de obra contratada, por exemplo, são pleitos mais do que justos, além de oportunos.

A voz dos que vivem do trabalho precisa ganhar as ruas e ecoar em toda a Nação.

Para que o progresso econômico seja socialmente válido.