O artista faz hoje um show privado no Recife, para comemorar os 50 anos da Imobi.

Veja o que ele escreveu sobre a cidade.

Toquinho, sobre o Recife Que morte é essa, de Vinicius, que não há?

Ausência que preenche, corpo que não está e permanece na poesia que a todo canto fortalece o Poeta que na morte se renova.

Pois Vinicius se revigora a cada amanhã.

Sua música e sua poesia renascem nas publicidades, em cada nova novela, nos filmes, no teatro.

E agora também como enredo da Escola de Samba União da Ilha.

Seus versos tornam-se refrãos populares.

Sua presença no amor das pessoas revigora a alma e o coração da gente.

Por mais intensa que seja a perda humana, restarão sempre vestígios de vida que a morte não apaga.

O dever de quem fica é perseguir e revalidar esses vestígios.

Sem que seja uma consolação, mas uma permanente ordem de esperança e continuação de vida.

Todos nós, de alguma forma, revalidamos Vinicius de Moraes, imortalizando-o em sua obra poética e musical.

Do Palácio do Campo das Princesas se avista o encontro dos rios Beberibe e Capibaribe numa inesquecível irradiação de azul.

Mas Pernambuco não é apenas a tradução do azul de Recife, do sol, da praia e do mar. É Guararapes, Mascates, acerola e graviola.

Olinda, Caruaru, Petrolina, Garanhuns. É o frevo, o maracatu, o baião, o xaxado, Capiba, Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

Os bordados, as redes, as cerâmicas, o Galo da Madrugada e os Bonecos de Olinda.

Chacrinha, Paulo Freire, Gilberto Freire, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Mário Schenberg, Luis Inácio Lula de Silva. É Boa Viagem, Porto de Galinhas, Fernando de Noronha, Itaparica, Itamaracá.

Tapioca, angu, sururu, mungunzá. É o Santa Cruz, o Náutico, o Sport Clube de Recife.

Esses são apenas alguns locais e nomes que fazem de Pernambuco o berço de uma cultura transmitida por um povo que se acostumou a adoçar as delícias de sua hospitalidade.

Foi na praia de Boa Viagem, na década de 1970.

Acordei com a sensação de que gostaria de ter um filho.

Fiz um tema musical baseado na ideia, comentei com Vinicius sobre isso e, antes de ir à praia, deixei com ele o tema gravado.

Quando voltei da praia, encontrei Vinicius aos prantos, emocionado com a letra que havia criado para aquele tema.

A letra é verdadeiramente tocante.

Acabávamos de compor uma das mais lindas canções de nosso repertório: “O filho que eu quero ter”.

E aconteceu aí, na praia de Boa Viagem!

Vinicius está sempre presente em meus shows, e não poderia ser diferente, pois ele foi, é e será meu parceiro mais importante.

Além disso, mostrarei algumas canções de meu mais recente CD, solos de violão, músicas de outras parcerias, tendo o prazer da companhia de Anna Setton, cantora que esbanja graça e afinação num admirável timbre de voz.

Tudo isso acompanhado pelo baixo de Ivani Sabino e pela bateria de Pepa D’Elia.