Por Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife pelo PCdoB Constituída uma frente partidária, todos se tornam a mesma coisa e reina um pensamento único.

Certo ou errado?

Erradíssimo!

Tanto no curso da peleja eleitoral, como no exercício do governo.

Ora, se aliança significasse perda da identidade, da autonomia e da independência política não faria sentido partidos se conjugarem em torno de um mesmo projeto.

Juntam-se, porém permanecem diferentes entre si, cada qual mantendo o seu matiz político e ideológico.

Por isso se deve assimilar com naturalidade a manifestação de opiniões críticas, e mesmo discrepantes, de um partido aliado em relação ao governo do qual participa.

Nem divergência é igual a crise, tampouco significa necessariamente ensaio de dissenção futura.

No entanto, lê-se com frequência em nossos jornais, blogs e portais noticiosos alusões a conflitos entre o governador Eduardo Campos, do PSB, e a presidenta Dilma porque o pernambucano, por exemplo, bate na tecla de um desejado reequilíbrio do pacto federativo.

Ou menciona o crescimento do PIB aquém do esperado.

Fosse assim, o PCdoB deveria ser apontado como dissidente há muito tempo, desde os dois governos sucessivos do presidente Lula, tal a intensidade com que os comunistas criticaram a política macroeconômica herdade, na sua essência, da chamada “era FHC”, que prosseguiu com Lula.

Sempre em termos afirmativos, porém fraternais – como, aliás, tem feito o governador Eduardo Campos.

Do contrário, a presidenta não teria aliados, mas apenas áulicos.

E ai do governo que não proporcione ambiente interno saudavelmente permeável à explicitação de pontos de vistas divergentes!

A presidenta Dilma, é bom anotar, tem essa compreensão democraticamente larga do exercício de sua liderança.

Valoriza o debate na busca de solução para os ingentes problemas que se colocam na ordem do dia, tendo em vista a construção de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável e socialmente avançado.

Fora desse parâmetro, teríamos um governo tão autoritário e ultra centralizador quanto inepto e apequenado.

Muito distante dos desafios do Brasil dos nossos dias, em que a par de uma conjuntura internacional adversa – tamanha a dimensão da crise econômica, financeira e ideológica do sistema capitalista dominante -, que implica ameaças sobre a economia brasileira, e em que há que arrostar imensos obstáculos ao pleno desenvolvimento nacional.

Obstáculos de natureza estrutural e, no curto prazo, de natureza crucial, como tem sido o de suplantar fundamentos macroeconômicos neoliberais, como a política de juros altos.

Assim, saudemos o bom debate de ideias – no interior do governo, da frente partidária que o sustenta e no conjunto da sociedade.