Nesta terça-feira (15) o início dos trabalhos na sede da Prefeitura do Recife será movimentado e não é por causa do estilo workaholic do prefeito Geraldo Julio (PSB). Às 9h, artistas farão uma batucada em frente ao prédio em protesto contra o calote da gestão municipal no pagamento dos cachês do Carnaval.
Em anifesto divulgado nesta segunda (14), o movimento, liderado pelo Fórum de Resistência Negra, diz que reivindicará “um novo tempo nas relações entre o poder público municipal e aqueles e aquelas que fazem a nossa cultura”.
Por causa do não pagamento de cachês do Carnaval do ano passado, músicos como China afirmaram que não vão se apresentar este ano.
Veja o manifesto: Batucada contra o calote e pelo respeito à nossa cultura!
Nós, artistas, grupos culturais, apoiadores de nossa cultura, cidadãos e cidadãs recifenses, vimos protestar em favor de um novo tempo nas relações entre o poder público municipal e aqueles e aquelas que fazem a nossa cultura.
Não são poucos os que foram contratados pela Prefeitura do Recife nos últimos anos para se apresentar em festas populares e outros eventos, mas que até hoje não foram pagos.
Situação menos grave, mas também reprovável e inaceitável, é daqueles que se veem por meses a fio a cobrar pelos cachês devidos, tendo que se humilhar em cobranças exaustivas pelos corredores da Prefeitura, assim como ser cobrados por terceiros, pelos compromissos assumidos contando com o pagamento em tempo hábil pelas apresentações feitas.
Estamos aqui protestando contra o calote patrocinado pela gestão do ex-prefeito João da Costa.
São dezenas de grupos culturais, afoxés, maracatus, cocos, bandas de reggae, samba-reggae e outros que se viram desrespeitados, tendo que suportar a cobrança de fornecedores, agiotas e outras naturezas de cobranças que só quem vive a realidade dura de se fazer resistência cultural por amor pode conhecer.
Diante de tal demanda, reivindicamos o seguinte: 1 - Que a Secretaria de Cultura abra conosco um canal de negociação para que estes débitos sejam pagos o mais rápido possível, deixando claro que a não negociação representará quebra de contrato, o que nos levará à justiça para que o calote não se realize e também responsabilizando politicamente a gestão passada, pois há leis que tornam inelegíveis gestores que praticam tais atos, como a Lei de Responsabilidade Fiscal; 2 – Que a atual gestão estabeleça com os grupos culturais e artistas um processo transparente e eficiente de contratação – assim como o faz com os artistas de fora, que recebem muito mais e com empenho adiantado, de forma que os caches sejam pagos com prazo máximo de 15 dias após as apresentações; 3 – Que a atual gestão estabeleça mecanismos de auditoria que funcionem como instrumentos comprobatórios da realização de todas as apresentações contratadas, para que não pairem dúvidas sobre a coerência entre o que se contrata e o que se apresenta.
A não existência destes mecanismos sem dúvida favorece a conduta de maus gestores, que podem utilizar-se desta deficiência para prejudicar uns e favorecer outros.
Recife, 15 de janeiro de 2013 Fórum de Resistência Negra