Moradores temem ser expulsos da área (Fotos: Fábio Jardelino/NE10) Assim como o projeto de construir 12 prédios no Cais José Estelita, na área central do Recife, chamado de Novo Recife, a implantação do Polo Jurídico, na mesma região, preocupa os moradores da comunidade do Coque, na Ilha de Joana Bezerra.

Eles temem ser expulsos do local onde nasceram e se criaram, já que o polo está sendo erguido em uma das portas de entrada da comunidade.

Além disso, a população reclama que o terreno doado pelo ex-prefeito João da Costa (PT) em novembro do ano passado para a nova sede da Ordem dos Advogados do Brasil secção Pernambuco (OAB-PE) era pleiteado há pelo menos 18 anos para a construção de um habitacional.

Vizinhos do Novo Recife, moradores do Coque desconhecem o projeto “Para a gente era uma confusão ceder, disseram que tinham fios de alta tensão, que o terreno era insalubre.

Precisamos de um habitacional para as famílias.

Ninguém quer sair do Coque, mas todos querem moradias dignas”, protestou o integrante do Grupo Comunitário do Coque (Grupão) Cláudio Aprígio, conhecido como Cacau, 52 anos.

De acordo com ele, há outro terreno visado pelos moradores para a construção das casas, localizado na Rua Jaraguari, próximo ao Terminal de Ônibus de Joana Bezerra, mas eles não conseguem viabilizá-lo pela Prefeitura. “Isso é uma expulsão branca.

Querem que a gente saia daqui, mas não vamos sair”.

Além da sede da OAB-PE, no Polo Jurídico devem funcionar o Tribunal da Justiça (TJPE), o Ministério Público (MPPE), o Fórum Criminal, a Defensoria Pública e a Escola de Magistratura (Esaspe), além do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, já em atividade.

A população acionou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) há cerca de um mês contra a nova sede da OAB-PE e estudam recorrer à Organização das Nações Unidas (ONU), segundo Cacau.

Também já fizeram protestos para derrubar o muro que cerca o terreno. “Não vai ficar nenhum pobre aqui.

Já deve estar tudo programado para tirar a gente, mas vamos resistir”, disse a moradora Maria Dolores da Rocha, 55.

Já Gilvanete Freire, 47 anos, reclama que a nova sede da OAB-PE também tomou o lugar do “freirão”, que ajudava a completar sua renda. “A gente vendia água ali para os passageiros dos ônibus e agora não podemos mais [por causa do muro]”, disse. “Não estou achando nada bom esse Polo”.

O Coque ocupa uma área de 11,64 hectares e abriga 12.629 habitantes, segundo os dados mais atualizados da Empresa de Urbanização do Recife (URB), referente ao Censo de 2009.

Parte da comunidade é considerada Zona Especial de Interesse Social (ZEI).

Procuradas pela reportagem, a assessoria de imprensa da OAB-PE e da Prefeitura ainda não se posicionaram.