Por Giovanni Sandes No Jornal do Commercio desta sexta-feira A empresa autora do projeto dos polêmicos 17 edifícios-garagem do Recife, previstos na licitação iniciada esta semana pela prefeitura, na verdade apontou a necessidade de construir mais prédios como esses na capital.
A companhia Synthesis Empreendimentos procurou o JC para explicar a proposta e revelou entender que a cidade precisaria de mais 6 edifícios, todos em Boa Viagem, área não incluída no pacote de prédios.
O bairro terá, em 5 anos, 4 mil vagas de Zona Azul.
A Synthesis recomenda a criação de um segundo lote de edifícios, enquanto a equipe do prefeito Geraldo Júlio (PSB) nem sequer se posiciona sobre a licitação, que teve o aviso de lançamento de edital publicado no apagar das luzes da gestão João da Costa (PT).
O desenvolvimento do projeto envolveu 8 meses de pesquisa, mais de cem profissionais e resultou em 1.500 páginas.
Mesmo assim, segundo Luiz Baltar, diretor-executivo da Empesa, sócia da Synthesis no projeto, não houve tempo hábil para se aprofundar no detalhamento da demanda por estacionamento em Boa Viagem de forma semelhante ao que foi feito no resto da cidade. “Poderia haver seis edifícios-garagem em Boa Viagem.
Mas a empresa sugeriu que fosse criado um segundo lote”, diz Baltar.
Ao final da implantação dos edifícios-garagem, 4 mil vagas de Zona Azul temporárias, criadas no entorno das obras dos prédios, migrarão para Boa Viagem.
A Synthesis focou seus esforços no Centro Expandido (do Recife Antigo até a Avenida Agamenon Magalhães) e áreas próximas a vias perimetrais e radiais, como Derby e Cordeiro.
Foram propostos 17 edifícios-garagem, um soma de 14.595 vagas.
O contrato é estimado em R$ 632 milhões em obras, operação e manutenção ao longo de 35 anos. “A grande questão do projeto é devolver à cidade grandes extensões de ruas usadas para guardar carros.
Se houvesse só proibição de estacionamento, sem uma alternativa, a circulação de pessoas seria afetada, com degradação social e econômica”, diz.
Ele conta que o estacionamento na rua piora um sistema saturado pela disputa entre pedestre, ciclista, ônibus, carros e carga. “Na Rua da Concórdia, por exemplo, 50% da via são ocupados por carros parados”, critica.
Com base em estudos de demanda, a empresa acredita que levando em consideração a rotatividade dos carros ao longo do dia, entre moradores, consumidores, trabalhadores e estudantes que usarão os prédios, serão atendidos diariamente 45.160 veículos. “Isso equivale a uma fila de carros que cobriria 226 quilômetros, a distância Recife-Garanhuns”, calcula.
A valores de hoje, o Zona Azul custará R$ 1,50 a hora e as vagas nos prédios vão de R$ 2 a hora a R$ 23 a diária.
Mas as cifras serão corrigidas anualmente, já a partir deste ano.