Por Jamildo Melo, editor do blog A diretoria de Urbanismo da Secretaria de Controle, Desenvolvimento Urbano e Obras da Prefeitura da Cidade do Recife estudou o projeto Novo Recife e elaborou um parecer urbanístico sobre o empreendimento.

Em 11 folhas, o setor descreve os prós e sugere uma série de compensações, para a aprovação do projeto, que acabou ocorrendo no Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), na virada do ano, depois de quatro anos de discussões, mesmo sob protesto de um grupo de arquitetos e estudantes.

O estudo diz que um dos elementos imperativos para aceitação do projeto foi a busca de um espaço urbano mais seguro.

O Blog de Jamildo teve acesso exclusivo ao documento e descreve trechos do parecer, assinado pela diretora de Urbanismo, Taciana Maria Sotto-Mayor, além da analista de desenvolvimento urbano Ana Patrícia Uchoa.

Na análise, as técnicas defendem a diversidade de usos e sustentam que um único uso em determinada região gera movimento apenas em deterninado horário, tornado-a insegura.

Nesta diversidade de usos, funcional, a PCR inclui a existência de escritórios, habitação e equipamentos turísticos de lazer.

Na conta, entra ainda a implantação de um programa de habitação, comércio e equipamentos comunitários, centros empresariais e a destinação de parte da área para o mercado popular, comércio e serviços.

Grupos de pressão contrários ao projeto defendem a implantação de um parque na área. “A variedade de usos e funções nas edificações a serem implantadas é de vital importância para assegurar boa dinâmica urbana a esta região bem como para garantir a presença de público diversificado e consequentemente um espaço urbano mais seguro”, diz o estudo. “Considerando ainda que há um desejo coletivo de que a intervenção nesta área venha a contemplar a todos e não apenas parte da população, e que a diversidade de uso dos empreendimentos permite a apropriação do lugar, esta diversidade foi outro elemento imperativo ao projeto, embora esta proposta estivesse contemplada no projeto inicial”, analisam as técnicas.

Fim da barreira física Segundo o parecer, a área do Cais José Estelita está abandonada e sem uso há alguns anos, constituindo um vazio urbano, bastante prejudicial à ambiência urbana e à dinâmica econômica da cidade. “A ocupação deste vazio urbano será determinante para o início de um novo ciclo de desenvolvimento da área, composta pelos bairros de São José, Cabanga e pelos eixos viários da Avenida sul e Rua Imperial e suas ramificações”. “Toda a área da antiga RFFSA representa hoje uma barreira física que desarticula esta região da cidade.

O terreno totalmente murado não garante a permeabilidade entre a Avenida sul e o Cais José Estelita, impossibilitando a vigilância social e o desenvolvimento local. É visível a necessidade de integração da área do Cais José Estelita com o bairro de São José”, observa o estudo.

Para garantir a mobilidade a esta área é preciso, segundo o parecer da URB, integrá-la ao tecido urbano considerando não apenas os principais eixos de circulação existentes, mas também a mobilidade inclusiva, buscando a qualidade das calçadas e das demais formas de deslocamento, promovendo a integração do sítio com os habitantes e seus espaços construidos, diz o estudo. “É necessário promover uma continuidade da circulação entre esta área e os bairros de São José e Cabanga com a Avenida Sul e a Rua Imperial.

Dor de cotovelo?

O parecer toca em um tema que pouca gente atenta, quando uma polêmica se estabelece, que são os interesses contrariados. “É verdade que existem outros desenhos urbanos para a ocupação da área, mas este foi o resultado que, na visão da equipe, melhor contribuirá para promover a integração social, o respeito ao patrimônio e a inclusão social, partindo do princípio que a abordagem que traz maiores benefícios para todos é um meio-termo que permita a viablização do empreendimento e o reflorescimento da comunidade”, escrevem, nas conclusões. “A prefeitura entende que é justamente uma solução de ocupação da área que pode fomentar o desenvolvimento da dinâmica urbana e econômica desta região da cidade, viabilizar empreendimentos nesta área, buscando caminhos sustentáveis, é mo primeiro passo a ser dado para promover o seu desenvolvimento”, explicam. “Buscou-se construir uma solução que possa agregar mais valor ambiental, econômico, social e espacial para a cidade sem esquecer os aspectos intangíveis, como o fortalecimento da comunidade local e o conforto dos usuários”, concluem as técnicas.