“Para encontrar a Deus, é preciso encontrar antes o ser humano” Dom Antônio Fernando Saburido, OSB Arcebispo de Olinda e Recife.

Queridos irmãos e irmãs, Com essas palavras, no dia 07 de dezembro de 1965, o papa Paulo VI iniciou o seu discurso para encerrar o Concílio Vaticano II.

Assim, ele indicava o caminho para a missão da Igreja: encontrar o ser humano, ser irmão/irmã de toda humanidade.

Neste momento em que nossa arquidiocese, atendendo ao apelo do atual papa Bento XVI celebra o ano da fé, com novo ímpeto missionário, nos 50 anos da inauguração do Concílio, essas palavras de Paulo VI podem servir de rumo para nossa ação pastoral e para a celebração do Natal.

De fato, em Jesus Cristo se torna plena verdade a palavra do Gênesis: “Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 27).

São Paulo afirmou: “O Cristo é a imagem do Deus invisível, primogênito de toda criação” (Cl 1, 15).

Para confirmar e reforçar o ímpeto missionário que perseguimos, desde a Assembleia de 2010, nossa Igreja particular de Olinda e Recife está trabalhando o seu “Plano Arquidiocesano de Pastoral” tendo como fonte motivadora, dentre outras, a eclesiologia e a dimensão pastoral do Concilio Vaticano II, que ainda tem muito a nos ensinar.

No Natal, Deus nos chama todos a ser humanos como Jesus.

Esse é o caminho para cada um de nós e também para a Igreja como comunidade de discípulos do Senhor.

A missão primeira é viver o seguimento de Jesus.

Na casa do centurião Cornélio, o apóstolo Pedro resumiu assim a missão de Jesus: “Jesus de Nazaré foi o homem consagrado (ungido) por Deus com o Espírito Santo e com poder.

Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos, porque Deus estava com Ele” (At 10, 38).

Se a missão de Jesus foi essa; como Igreja, a nossa não pode ser outra: abrir-nos ao Espírito de Deus que nos preenche.

Ser cheios do Espírito é a dimensão primordial da fé.

Ser cheios do Espírito tem como primeiro sinal fazer o bem e cuidar dos que sofrem. É a dimensão profética e social da fé, essencial e indispensável à missão da arquidiocese.

Esse cuidado com os mais pobres é o sinal mais visível e claro da presença e da atuação de Deus em nós.

O Natal nos convida a viver isso não como trabalho ocasional, mas como missão que toma a vida inteira e condiciona nosso modo de ser.

Estamos acompanhando com dor e inquietação o drama que está vivendo a população carente do sertão, no nordeste do Brasil.

Pessoas humanas sobrevivem, em condições precárias, graças à bolsa família ou estiagem oferecida pelo governo, enquanto os animais e as plantas morrem, impiedosamente, por falta de água e alimento.

Perguntamo-nos: Até quando a miséria do povo será usada para promover o paternalismo e beneficiar políticos inescrupulosos?

Porque não investir, para valer, na convivência com o semiárido, a exemplo de outros países que vivem experiências semelhantes, com inteligência e vontade?

Que nossas pessoas e nosso modo de viver sejam como a gruta de Belém, útero de uma vida nova para nós e para o mundo todo.

Com esse apelo pastoral, desejo a todos os irmãos e irmãs uma celebração renovadora do Natal e boas festas de final de ano.