Desta segunda até quinta-feira, o JC focaliza o desafio dos prefeitos eleitos e reeleitos do Grande Recife para administrar suas cidades com menos recursos e mais demandas, a partir de 2013.

A previsão para o próximo ano é que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte de recursos das prefeituras, seja ainda mais reduzido.

A estratégia dos novos gestores, então, é atrelar suas administrações aos grandes investimentos que estão em andamento no Estado, para crescer atendendo às expectativas da população e cumprindo as suas promessas de campanha.

O representante comercial Manoel Guedes Alcoforado abre a porta de casa em Itamaracá e se depara com uma montanha de lixo.

A dona de casa Gabi Albuquerque depende de mototáxis para se deslocar em Moreno.

O radialista Amaury Secon vive numa rua sem asfalto e com esgoto correndo em uma vala, em Jaboatão dos Guararapes.

O cotidiano de Manoel, Gabi e Amaury traduz o que a maioria dos 3,7 milhões de habitantes da Região Metropolitana do Recife enfrenta diariamente: viver em cidades em pleno desenvolvimento econômico, mas sem avanços sociais no mesmo ritmo.

Aproximar essas duas variáveis é o objetivo dos prefeitos eleitos e reeleitos, a partir de janeiro de 2013.

Missão dificultada pelo corte nos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e pelo crescimento populacional da RMR, com a chegada de grandes indústrias como a Refinaria Abreu e Lima e a Fiat e obras do porte da Arena da Copa.

No comparativo dos repasses do FPM de 2011 e 2012 (de janeiro a novembro) houve aumento no montante, no entanto, bem abaixo da inflação acumulada do período.

Com exceção de Itapissuma e Ipojuca, que receberam aumento nos percentuais recebidos acima da inflação, os demais municípios estão tendo que fazer uma ginástica financeira para honrar todos os compromissos.

Os prefeitos eleitos e reeleitos já deram sinais de que pretendem agir em bloco para captar recursos e enfrentar problemas comuns como falta de saneamento, tratamento de lixo e mobilidade.

No último dia 6 de dezembro, uma reunião capitaneada pelo prefeito eleito do Recife, Geraldo Júlio, estabeleceu um novo pacto metropolitano.

Cada prefeitura vai designar um secretário para tratar as demandas coletivas e tocar os projetos em parceria. “É uma demonstração de vontade política em prol da questão metropolitana, que é importante e tem rebatimento na vida de todos os munícipes aqui representados.

Saímos com a decisão consensual de que essa questão será prioridade de todas as gestões municipais”, declarou Geraldo Júlio, na ocasião.

A situação dos 13 municípios que, somados à capital, compõem a Região Metropolitana do Recife, é ainda mais complicada.

Com o FPM curto e menos capacidade política de interlocução com os governos estadual e federal, eles precisam encontrar alternativas para alcançar as melhorias desejadas.

Para a questão do saneamento básico, por exemplo, muitos dos prefeitos eleitos estão apostando na Parceria Público-Privada da Compesa. “Nossa cidade tem menos de 2% das residências conectadas ao sistema de tratamento de esgoto.

A PPP da Compesa é a chance de começar a reverter esse quadro”, afirmou o prefeito eleito de Igarassu, Mário Ricardo Santos (PTB).

O presidente da Compesa, Roberto Tavares, assegura que, em 12 anos, a PPP vai elevar para 90% a cobertura de saneamento básico na Região Metropolitana do Recife.

Orçado em R$ 4,3 bilhões, o projeto deve ser licitado em junho de 2013. “Vamos ter uma série de reuniões, a partir de janeiro, com todos os prefeitos do Grande Recife para apresentar todos os detalhes da parceria”, detalhou Tavares.