No Jornal do Commercio desta quarta-feira Com manobras de última hora para troca de parlamentares e com a maioria disposta a liquidar a investigação, a CPI de Cachoeira terminou ontem com um relatório de duas páginas, sem nenhum indiciamento.

O redator do texto aprovado, o deputado neófito Luiz Pitiman (PMDB-DF), poupou todos os investigados, com a desculpa de que não queria acusar ou inocentar ninguém injustamente.

Por 18 votos contra e 16 a favor, o relatório com mais de cinco mil páginas do deputado Odair Cunha (PT-MG) foi derrotado.

Já o texto que não responsabiliza ninguém venceu por 21 votos a sete.

Todo material recebido pela CPI ao longo de oito meses de trabalho - quebras de sigilos encaminhados pelos bancos e órgãos federais - será encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Federal.

Essa providência já havia sido votada e aprovada por unanimidade antes da derrota do relatório de Cunha.

O PSDB se aliou ao PMDB e a outros partidos menores para barrar a aprovação do relatório de Cunha.

Parlamentares que nunca haviam comparecido nas reuniões da comissão marcaram presença para impedir o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish.

O relator pedia o indiciamento de ambos.

Entre os peemedebistas, somente a deputada Íris Araújo (GO), adversária política de Perillo, foi favorável ao parecer de Odair Cunha.

Antes do início da sessão de ontem, a oposição ao relator fez uma manobra para que a comissão votasse em primeiro lugar o texto de Pitiman, que não indiciou ninguém.

Mas não conseguiu porque o regimento determina que primeiro deve ser votado o texto original do relator, cujo principal alvo era o governador de Goiás.

Há duas semanas, na tentativa de ver seu relatório aprovado, Cunha fez um acordo para retirar de seu texto qualquer menção à conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o indiciamento de jornalistas, incluindo Policarpo Júnior, da revista Veja.

Anteontem, Cunha retirou outros pontos polêmicos, como o pedido de investigação contra o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão do ex-senador Demóstenes Torres.

Na conta do relator, isso permitiria um empate em 17 votos, e o desempate ocorreria com o voto de minerva do presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Luiz Pitiman tentou justificar seu relatório de duas páginas, inédito na história das CPIs: “O relatório (oficial) absolvia alguns culpados: as empresas fantasmas que não foram relacionadas e vários políticos que não foram investigados na profundidade que precisava”, disse, sem nomear quem deveria ter sido indiciado.

O PSDB defendeu o resultado final e jogou no governo a culpa pela pizza: “A CPI apenas compilou o trabalho da Polícia Federal.

Aquilo que deveria ser investigado pela CPI fica para o Ministério Público investigar.

O Parlamento abdicou de sua função de investigar.

Não quis investigar.

A CPI foi criada com objetivo de atingir o governo de Goiás.

O PSDB trabalhou o tempo todo para investigar a Delta.

O PSDB votou contra o relatório do PT porque escondia a realidade, colocava debaixo do tapete a sujeira existente no governo federal e em alguns governos estaduais.

O que querem fazer aqui é política partidária”, disse o líder tucano Álvaro Dias.