Por Bruna Serra, do Jornal do Commercio Petistas que apoiaram o prefeito do Recife, João da Costa (PT), nas prévias contra o ex-deputado federal Maurício Rands reagiram nessa segunda-feira com indignação à proposta da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB) de punir, até mesmo com expulsão, os militantes que não se envolveram na campanha do senador Humberto Costa à Prefeitura do Recife.

Integrantes do diretório estadual ligados à CNB pretendiam colocar a proposta em votação no último sábado, que acabou não sendo avaliada por falta de quórum mínimo.

José de Oliveira, integrante da executiva do PT Recife e um dos coordenadores da campanha de João da Costa, disse estar “decepcionado”.

Na sua avaliação, os correligionários ligados a Humberto estão adotando uma postura mesquinha. “Convivi muito com Humberto, fiz parte desse grupo.

Estou decepcionado com essa postura mesquinha, pobre.

Eles não têm elementos para aprovar uma matéria como essa; não têm provas.

O primeiro a ser punido seria Humberto, que rasgou o estatuto do PT e feriu a decisão da maioria dos filiados do Recife”, disparou o militante, referindo-se ao resultado das prévias de maio passado que apontaram vitória do prefeito.

Presidente do PT do Recife, Oscar Barreto, também reagiu com revolta, chegando a afirmar que a liderança do senador não é mais dominante. “A era de Humberto acabou.

Ele não tem trabalhado pela unidade.

Ele não tem unidade nem no povo dele na CNB.

Não existe propor comissão de ética agora.

Isso não é postura de quem quer unir o partido”, atacou Oscar, que além de aliado de João da Costa mantém estreitas relações com o Palácio do Campo das Princesas.

Apesar de ter defendido a prerrogativa da reeleição para o prefeito, a deputada estadual Teresa Leitão também foi atuante na campanha do senador.

Convivendo com as duas realidades, ela pondera que não é correto fazer uma “caça às bruxas” num momento delicado para o PT local. “Já estamos com muitos problemas, não vejo com bons olhos discutir uma retaliação.

De fato, muitas pessoas não se envolveram na campanha, mas não podemos ignorar o contexto em que ela foi concebida.

Ruim demais.

Não cabe, agora, discutir expulsão, mas sim o futuro do partido”, defendeu.

Na noite deessa segunda-feira, houve uma nova tentativa de reunir o partido para discutir essas questões mas o quórum exigido, que é de dez pessoas, não foi atingido e o encontro foi novamente cancelado sem data prevista para ocorrer.