Por Fernando Ferro A preocupação que cresce no Nordeste é com as condições da estiagem, da seca que estamos enfrentando.
Não fossem os programas sociais como o Bolsa Família e o próprio Luz para Todos, nós já estaríamos vendo saques às feiras e o desespero tomando conta da população, mas nada nos garante que não estejamos nos aproximando de um colapso, um colapso por falta de água.
Mais de 50% do rebanho dizimado e o crescimento das possibilidades de não chover no período chuvoso do semiárido estão indicando que medidas diferenciadas têm de ser tomadas urgentemente.
Por exemplo, a chamada transposição que não teve seu roteiro cumprido por uma série de problemas, inclusive por empresas picaretas que entraram nesse processo.
Nós temos que defender que o Exército brasileiro assuma integralmente a construção dessa transposição.
Isso é uma questão emergencial.
O Exército dá conta da parte.
Se colocarem metade dos recursos que se colocou para as empresas privadas para o Exército, ele dá conta da transposição.
Então, as ações para atendimento como cisternas como foram colocadas pelo Ministério da Integração estão erradas.
Montaram um esquema de cisternas de plástico que não estão resistindo ao calor do semiárido e se danificando.
As cisternas de placas que eram construídas anteriormente são as mais adequadas para essa situação.
Então nós temos que tomar medidas urgentes.
A situação do semiárido não é fácil e está à beira de um colapso.
Dois ou três meses sem chuva, teremos situações de desespero por falta de água para beber e para atender o rebanho que está sendo dizimado.
Será profundamente alterada a economia nordestina após essa seca que estava previsível.
Esse é um fenômeno natural!
Esse é um fenômeno como a neve na Europa e temos que aprender a conviver com ele.
Nós temos que colocar a EMBRAPA para desenvolver tecnologias para aquela área.
Temos que articular o DNOCS, a SUDENE e outros órgãos para trabalharem com sinergia, e não competindo ou concorrendo.
Os institutos de pesquisa dos Estados não podem ficar fora de uma articulação com a EMBRAPA para tecnologias de convivência com o semiárido e acabar essa história de combate à seca.
Essa terminologia, que inclusive a nossa Presidência usou, é errada.
Não se combate a seca, convive-se com a seca.
Por isso que nós temos que mudar os conceitos de tratar esse fenômeno natural.