Foto: Clemílson Campos/JC Imagem O que deveria ser um ato para reunir lideranças do PT de Pernambuco contra o julgamento do processo do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) se transformou em mais uma evidência do racha do partido no Estado.

Convocados pelo grupo ligado ao prefeito João da Costa - como o deputado federal Fernando Ferro e a deputada estadual Teresa Leitão -, petista reuniram-se na noite desta segunda-feira (10), no auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação (Sinttel), no bairro de Santo Amaro, em um encontro que chamaram de “Ato em defesa do PT e dos direitos democráticos”.

Levaram falta lideranças como o senador Humberto Costa, o deputado federal João Paulo e, inclusive, o prefeito João da Costa.

Do lado de João da Costa, compareceu também o ex-presidente do Geraldão, Eduardo Granja.

Antes de reunião, em conversa com a imprensa, o petista cobrou a presença de lideranças locais no evento e na linha de frente da defesa aos condenados no escândalo de compra de votos parlamentares em troca de apoio político. “Fundadores do PT não conseguiram abrir novas lutas, ficaram focados nas suas disputas eleitorais”, disse.

Já Fernando Ferro foi mais incisivo e afirmou que, apesar de ter partido “do grupo político que resistiu à intervenção da Executiva Nacional [que rifou João da Costa de tentar a reeleição e impôs a candidatura de Humberto] e que não concorda com o liderança política local”, o convite foi aberto a todos. “Não há quase nenhum debate interno no PT.

Há um medo de fazer análise. É preciso abrir o debate no PT e este evento pode ser um ponto de partida”, comentou, mas reconheceu que, pessoalmente, não convidou Humberto Costa.

Aliás, do lado de Humberto, esteve presente o vereador Luiz Eustáquio, porém, numa passagem discreta.

Chegou após a reunião ter começado, sentou no canto e saiu antes do fim. “Todos nós estamos numa posição semelhante.

Algumas coisas devem ser mais discutidas Fiz questão de vir.

Tenho, inclusive, outro compromisso para ir, que era no mesmo horário desta reunião, e por isso estou saindo mais cedo”, comentou.

Questionado se ele seria o representante da Corrente um Novo Brasil (CNB), da qual Humberto faz parte, ele negou. “Tem várias pessoas da CBN aqui.

A discussão é do PT como um todo”.

Faltaram as lideranças.

Na “plateia”, havia cerca de 80 militantes.

DISCURSOS - Nas suas falas, Ferro; o ex-presidente da CUT-PE, Jorge Perez; o também ex-presidente da CUT-PE, Sérgio Goiana; e o coordenador nacional do movimento Diálogo Petista, Edmilson Menezes adotaram a mesma linha.

Afirmaram que a legenda é alvo de um golpe da oposição pela expressão política.

Além disso, declararam que os condenados - entre eles o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-presidente nacional do PT, José Genoíno - não tiveram amplo direito de defesa. “Collor foi absolvido por falta de provas e, no caso de Dirceu e Genoíno, também não havia provas”, reclamou Edmilson. “A tentativa de criminalizar o PT é clara.

Há dificuldade de interpretar o que houve.

O Ministério Público politizou o processo”, avaliou Ferro.

O mesmo evento já ocorreu em São Paulo e Curitiba.

Nesta quinta-feira (13), está marcado outro, desta vez em Brasília.