Foto: Priscilla Buhr/JC Imagem Por Débora Duque, do Jornal do Commercio Derrotado na última eleição após cumprir três mandatos consecutivos na Câmara do Recife, o vereador Josenildo Sinésio (PT) não esconde o incômodo com o conflito interno que se instalou no seu partido.

Mesmo sendo historicamente mais próximo ao grupo do ex-prefeito João Paulo (PT), ele não engrossa o coro dos que responsabilizam João da Costa (PT) pelas cisões e perdas no pleito municipal.

Sem citar nomes, divide a fatura entre todas as lideranças petistas e, deixando no ar possibilidade de vir a sair da legenda à qual filiou-se há 25 anos, avisa que já atingiu o seu “limite” de tolerância com as brigas do PT. “Tenho feito uma reflexão muito grande com a Igreja e os setores da sociedade que estão ao meu lado.

Cheguei ao meu limite em relação a essas brigas no PT.

Tem que ter um basta, se não fica difícil acreditar nesse partido”, desabafou.

Questionado se essas insatisfações podem levá-lo, de fato, à abandonar a sigla, Josenildo não fechou questão. “Acho que o futuro a Deus pertence.

Não sei o que vai acontecer.

Essas eleições deixaram um recado de muita responsabilidade para o partido.

O PT tem que apresentar sua pauta à sociedade.

Ninguém aguenta mais briga”, prosseguiu.

Um dos sinais de sua indignação com os rumos do PT é o fato de, hoje, não integrar nenhuma das correntes internas.

Durante seu terceiro mandato na Câmara, Josenildo esteve no olho do furacão.

Logo no início da gestão de João da Costa foi convocado para assumir a liderança da bancada de governo e terminou se mantendo no posto, mesmo após o rompimento entre o atual prefeito e seu ex-padrinho político, João Paulo (PT).

Além de enfrentar uma situação partidária desconfortável, ele precisou lidar com as queixas dos vereadores sobre o tratamento dispensado pelo atual gestor e, de quebra, tomar a frente de defesa da administração petista diante dos ataques da oposição. “Tenho consciência de que fiz tudo que me cabia para que a gestão deslanchasse.

Meus próprios colegas diziam que tirava leite de pedra para defender o governo”, explica-se, numa espécie de autodefesa das críticas veladas que recebeu dos aliados do prefeito quando entregou a liderança.

Ele, no entanto, prefere não atribuir sua derrota eleitoral a possíveis retaliações de correligionários.

Tampouco mostra-se favorável à expulsão de João da Costa. “Não adianta expulsar ninguém.

O que o partido precisa é sentar e definir o que nos une.

Mas se cada grupo continuar querendo ser melhor do que o outro, fica difícil.” Sem mandato a partir do ano que vem, Josenildo voltará ao seu cargo de servidor público na Secretaria estadual de Transportes, comandada por Isaltino Nascimento (PT), e pretende se preparar para disputar uma vaga na Câmara Federal, em 2014.