Maurílio Ferreira Lima (Foto: reprodução) Por Otávio Batista No Jornal do Commercio desta quarta-feira Quinze parlamentares pernambucanos terão corrigida a injustiça de terem seus mandatos populares cassados, sem o devido processo legal, durante a ditadura militar (1964-1985), em sessão solene amanhã, às 15h, na Câmara dos Deputados, que vai restituir simbolicamente o mandato de 173 deputados federais cassados durante o regime de exceção.

Do grupo de pernambucanos agraciados, apenas o ex-deputado e ex-senador Ney Maranhão e o ex-deputado Maurílio Ferreira Lima ainda estão vivos e poderão presenciar a correção do regime democrático.

Os demais serão homenageados “in memoriam”, representados por familiares ou correligionários políticos (ver quadro).

Presente na primeira lista de cassados do Ato Institucional Nº5 (AI-5), de dezembro de 1968, fato que o faz se classificar como um dos “barra-pesada” da Câmara - na visão dos militares -, Maurílio acredita que homenagens como essa têm sempre um valor didático, de “relembrar para não repetir”. “Foi um período tenebroso e o importante é que funcione como uma comemoração do holocausto.

Você não faz a celebração do holocausto em si, você faz para relembrar a opinião pública que aquelas coisas horrorosas que aconteceram jamais devem se repetir”, comparou.

Aos 72 anos, Maurílio Ferreira Lima não poderá receber pessoalmente seu diploma e broche parlamentar de volta, por conta de um problema de locomoção.

Será representado pelo chefe de gabinete do correligionário político Jarbas Vasconcelos (PMDB), Aristeu Plácido.

Já Ney Maranhão, conhecido como o “senador boiadeiro” e muito lembrado por compor a “tropa de choque” de defesa do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) durante o processo de impeachment, acredita que foi cassado pelo seu posicionamento contra o afastamento do então governador de Goiás, Mauro Borges, à época no extinto PSD e que terminou afastado pela ditadura em 1964. “Curiosamente, todos os deputados pernambucanos que votaram contra a cassação de Mauro Borges foram cassados”, especulou.

Atualmente membro do gabinete do senador Collor, Ney Maranhão revelou que ajudou na organização do evento de amanhã. “Fui procurado pela assessoria da Presidência da Câmara para ajudar com algumas informações relativas a colegas que serão homenageados, que conheço demais”, contou.