Foto: reprodução Por Ayrton Maciel No Jornal do Commercio deste domingo O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Guilherme Uchoa (PDT), vai fazer história nesta segunda-feira, 3 de dezembro de 2012, quando o Poder Legislativo se reunir em sessão especial, às 15h, para eleger por votação secreta a mesa diretora que conduzirá o Poder Legislador estadual no biênio 2013/2014.

Em um momento inédito nos 177 anos da Casa do Povo pernambucano - instalada em 1º de abril de 1835 -, o governista Uchoa será reconduzido para o quarto mandato consecutivo.

Será sua terceira reeleição, avalizada pelo governador Eduardo Campos (PSB).

O novo mandato será possível devido à aprovação, em junho de 2011, da polêmica Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que reintroduziu na Carta Estadual o instrumento da reeleição para o mesmo cargo, uma única vez.

Como está no cargo e a PEC não retrocedeu, o deputado pedetista - respaldado pelo governador Eduardo Campos (PSB) - é candidato sem concorrente.

Parceiro de Uchoa desde 2007 (2008, 2009/2010, 2011/2012), será reconduzido à 1ª secretaria, que cuida da tesouraria da Casa, também no quarto mandato consecutivo, o socialista João Fernando Coutinho (PSB).

De família natural de Água Preta, na Mata Norte, historicamente ligada ao ex-governador Miguel Arraes, Coutinho é amigo pessoal e do grupo restrito de Eduardo Campos.

O deputado consolidou-se, igualmente, como único nome para o segundo cargo em importância na mesa, quando o colega socialista Leonardo Dias, sexta-feira passada (30), retirou a postulação, evitando o bata-chapa.

Isolado pelo próprio PSB, que tem a maior bancada da Assembleia, Leonardo se viu asfixiado quando oito dos dez camaradas de partido assinaram documento indicando João Fernando Coutinho à reeleição.

Restou a Leonardo, em nota, informar a desistência em nome da “unidade interna”.

Ao abrir a sessão e iniciar os trabalhos, o presidente Guilherme Uchoa poderá ter indefinida apenas a 1ª vice-presidência, objeto de desejo e de disputa interna no PTB, e a 4ª secretaria.

Com a segunda maior bancada, sete deputados, o partido indicou Júlio Cavalcanti para substituir Marcantonio Dourado.

Em 2011, o PTB fechou questão contra a PEC da reeleição, Júlio obedeceu e votou contra, mas Marcantonio se absteve.

Hoje, o PTB vota pela reeleição de Uchoa e Coutinho.

De olho na 4ª secretaria, o novato PSD, com quatro deputados, indica Mary Gouveia para o cargo que está ocupado por Eriberto Medeiros, do PTC, que tem dois deputados, e não quer sair.

O PSD diz ter direito pela proporcionalidade das bancadas, mas o PTC alega que a legenda não existia nas eleições de 2010.

Por consenso, porém, PT e PSDB trocam de posição: o petista André Campos vai para a 2ª vice-presidência e o tucano Claudiano Martins assume a 2ª secretaria da Casa.

A mesa diretora é composta por sete deputados.

A chapa original, montada em reunião no Palácio, sob a articulação de Guilherme Uchoa e do governador Eduardo Campos, será eleita.

Afora os impasses na 1ª vice e na 4ª secretaria, será chapa única, embora seja livre o lançamento de nome para qualquer cargo até a hora da votação.

O processo prevê que o presidente abra a sessão, faça a verificação do quórum - 25 deputados, maioria absoluta em 49 - e anuncie a votação.

O voto é secreto.

O candidato que obtiver a maioria absoluta, em caso de disputa, é eleito para cada um dos sete cargos.

Concluída a apuração, Uchoa proclamará o resultado e, pela primeira vez, o próprio presidente e o 1º secretário vão estar eleitos para um quarto mandato consecutivo.

Uchoa supera, assim, o antecessor Romário Dias, que teve três mandatos (2001/2002,2003/2004, 2005/2006.

A nova mesa toma posse em 1º de fevereiro de 2013.

O mandato atual termina em 31 de janeiro.

Uchoa é tido com o mais fiel aliado de Eduardo no Legislativo. É aclamado por deputados e servidores.

Um caso de consenso.

A ele é creditada uma grande capacidade de atendimento dos pleitos, concedendo benefícios e valorizando as corporações. É corporativista por convicção, mas reconhecido como de espírito solidário, que ajuda até ex-deputados.

Respeitado por não esconder suas posições, defendeu até o fim o nepotismo e o jetom das convocações extraordinárias, antes de serem extintos.

Defende a manutenção do auxílio-paletó e resiste em aplicar a Lei de Acesso às Informações. “Gostaria de concluir a obra de construção do novo plenário e anexo dos gabinetes para dar melhor condição de trabalho aos deputados e servidores”, revela.