Foto: reprodução Da Agência Estado Uma sequência de e-mails interceptados pela Polícia Federal revela como a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, usou a proximidade com o ex-ministro José Dirceu para emplacar a nomeação de Paulo Vieira como diretor da Agência Nacional de Águas (ANA).

Rose queria que Dirceu, afastado do governo desde 2005 após o escândalo do mensalão, influenciasse a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na escolha de Vieira para o posto.

Os documentos fazem parte do inquérito da Operação Porto Seguro, que desarticulou a organização que vendia pareceres técnicos de órgãos da administração pública. “Surgirão agora em meados de abril duas vagas.

Pelo que consegui observar, quem vai definir mais a questão é a Dilma.

A pessoa que acho que consegue fazer esse pedido a ela, de forma eficaz, é o JD.

Na minha opinião, um pedido pessoal seu ao JD, tratando a questão como de interesse pessoal seu, ganha muito mais força” sugere Paulo Vieira em e-mail de 25 de março de 2009.

A demanda foi feita horas depois de Rose passar detalhes do cruzeiro que queria fazer com a família, com apresentação da dupla sertaneja Bruno e Marrone, e que seria custeada pelo grupo criminoso, segundo a PF.

Em outro e-mail, a ex-chefe de gabinete da Presidência garante que vai conversar com Dirceu sobre a indicação para a agência.

Em 4 de agosto de 2009, Rose informa Paulo: “O JD me chamou para conversar.

Vou lá hoje a tarde e te dou notícias”.

Em 10 de agosto, um novo e-mail: “Estou aguardando notícias do JD, mas acho que o melhor é a Dilma.

Mais tarde te dou retorno”.

Em uma hora, veio a resposta de Paulo Vieira, também por e-mail: “Sobre a ANA, também acho que a questão central é com a Dilma, fiquei muito animado com a possibilidade do JD falar sobre o assunto com ela.

Qual a sua avaliação da questão até aqui?

Fico por aqui.

Abraço, Paulo”.

Segundo a PF, a troca de e-mails entre Vieira e Rose sobre a nomeação na ANA começou em março de 2009 e seguiu até novembro.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.