Por Terezinha Nunes Eleito presidente na quarta tentativa, o ex-presidente Lula chegou ao poder em janeiro de 2003 trazendo em sua bagagem um compromisso velado com “as minorias” (algumas, nem tanto) que o PT se gabava de representar por conta da vinculação do partido com os movimentos sociais.

Era natural, portanto, que, de forma planejada ou mesmo atabalhoada, como aconteceu algumas vezes, Lula fosse concretizando iniciativas no sentido de responder a estes segmentos da sociedade que o ajudaram na caminhada.

No que se refere especificamente às mulheres – tratadas como minoria quando não o são, pois representam pouco mais de 50 por cento da população brasileira – o ex-presidente chegou ao auge em 2010 quando apresentou como candidata à sua sucessão a ministra das minas e energia, Dilma Rousseff.

A população carente do Nordeste, talvez a mais fiel a Lula pois com ele de alguma forma se identifica através do bolsa família, logo batizou a candidata de “ a mulher de Lula”.

Foi a senha para popularizar a Dilma, que o povo nem conhecia e nem sabia pronunciar o sobrenome, e jogar por terra o preconceito que existia nestas áreas à respeito da entrega do poder a uma representante do sexo feminino.

A vitória de Dilma acrescentou, sem dúvida, um ponto positivo na biografia de Lula: a do presidente que conseguiu a proeza de ajudar a eleger a primeira mulher presidente do Brasil.

No final da campanha presidencial, todavia, já ficava patente que as mulheres petistas ou acopladas, posteriormente, ao partido – Dilma, por exemplo, veio do PDT – não tinham sido guindadas apenas para aumentar o cacife do partido e o poder feminino.

Por vontade própria ou envolvimento em um projeto de poder que se pretende infinito, elas acabaram sendo reveladas ao país como participantes de esquemas condenáveis de corrupção, coisa que se imaginava não combinasse assim tão facilmente com as mulheres.

Primeiro foi Erenice Guerra, obrigada a entregar o ministério das minas e energia ainda na campanha de Dilma por envolvimento com tráfico de influência e corrupção.

Esta semana o país conheceu mais uma mulher envolvida em corrupção: Rosemary Noronha que, do gabinete da presidência em São Paulo, comandava uma rede de tráfico de influência no alto escalão governamental.

A ironia do destino é que, como Dilma, na campanha de 2010, Rosemary, pelo grande vínculo com o ex-presidente, com quem conversava quase diariamente, foi também batizada de “mulher de Lula”.

Outro traço irônico é que Dilma,” a mulher do bem”, colaborou para que “as mulheres do mal” chegassem aonde chegaram na administração petista.

Foi, por exemplo, ela que levou Erenice para a alta cúpula do Governo e a indicou para substituí-la no ministério.

Quanto a Rosemary, a presidente a manteve no posto de manda-chuva do gabinete da presidência em São Paulo, agindo com pouca ou quase nenhuma fiscalização.

Se continuar assim, as mulheres, em geral, no poder petista vão acabar se saindo muito mal na fita.

CURTAS Bebida e religião – O deputado estadual pastor Adauto , eleito pelos evangélicos com grande votação, caiu em desgraça esta semana depois que se ausentou da votação do projeto do Governo na Assembléia que liberou a venda de bebida nos estádios durante a copa.

Como outro evangélico, Clayton Collins, votou contra, Adauto está sendo acusado nas igrejas e nas emissoras evangélicas de não ter sido firme na condenação à bebida.

Herança – Deputados estaduais do PSB já comentam na Assembléia que o novo prefeito do Recife, Geraldo Júlio, vai receber, do PT, uma herança maldita.

Há desconfiança generalizada sobre o estado das contas do município após 12 anos de administração do PT, sem falar nos problemas nas áreas de saúde e educação.

Violência – A onda de violência que atinge capitais brasileiras como São Paulo e Salvador já estaria respingando em Recife, segundo comentários insistentes na área de segurança do Governo do Estado.

Pelo que se diz, há dois meses vêm aumentando os números de homicídios na capital.

Resta esperar o balanço que a SDS deve divulgar antes do final do ano.