Foto: Vinícius Sobreira/NE10 A Farmácia Metropolitana de Pernambuco, que disponibiliza gratuitamente medicamentos especializados para a população pernambucana, tem sofrido com a escassez de alguns remédios.

A falta dos medicamentos usados no tratamento de doenças crônicas e raras acaba por prejudicar quem não tem condições de comprá-los.

A auxiliar de Desenvolvimento Infantil Maria Betânia Barros está sentindo na pele as consequências deste déficit.

Sua filha de 11 anos sofre de epilepsia e toma duas medicações.

Uma delas, o Trileptal 300mg, custa R$ 150 e a criança - que toma três comprimidos por dia - precisa de quatro destas caixas por mês.

Mas o Estado não oferece o medicamento.

São R$ 600 mensais gastos só com este remédio.

A outra medicação, não menos cara, é o Topiramato 50mg.

São três comprimidos diários.

Mas este a Farmácia de Pernambuco oferece.

Ou oferecia.

Há dois meses a Secretaria de Saúde afirma não ter mais o remédio e, para desespero de Maria Betânia e sua filha, a farmácia sequer dá uma previsão de quando recebe Topiramato 50mg.

O medicamento custa R$ 129 e a mãe recebeu as últimas caixas no dia 9 de setembro.

De lá para cá, mais de dois meses se passaram e a sua filha, que entre o dia 9 de outubro e o fim deste mês já deveria ter consumido mais de três caixas - já que precisa de duas caixas por mês -, tomou apenas duas caixas, compradas pela mãe.

Para completar o desgaste, o atendimento é péssimo. “Ligo três ou quatro vezs por dia para a farmácia e eles só dizem que “está em falta, senhora.

Não há nenhuma previsão”.

E ainda pedem para que eu ligue três vezes por dia.

Eu o faço, mas já não tenho paciência para ouvir as mesmas coisas”, reclama. “A dificuldade está grande.

Além de todo o gasto com remédios, ainda pago a escola dela.

O extrato do meu cartão é só de farmácia.

Eu quero dar o melhor para a minha filha.

Mas está difícil até sustentar a saúde desse jeito.” O Blog de Jamildo entrou em contato com a Farmácia e ouviu da ouvidoria a mesma frase: “não temos o medicamento”.

Sobre a previsão para o retorno do fornecimento, o estabelecimento disse que a informação só poderia ser passada se a reportagem fosse pessoalmente ao local.

O Blog deslocou-se até a Superintendência de Assistência Farmacêutica, na tentativa de falar com o superintendente, José de Arimatéia, mas ele havia deixado o local de trabalho antes do fim do turno.

A farmácia, que fica na antiga Fundação de Saúde Amaury de Medeiros (Fusam), na Secretaria Estadual de Saúde, é uma das 22 unidades distribuídas pelo Estado.

Elas prestam atendimento a mais de 30 mil pessoas.

E certamente a filha de dona Maria Betânia não é a única.