Padre Henrique foi torturado e morto a tiros em 1969, quando tinha 29 anos de idade / Foto: reprodução da internet Os membros da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara ouviram nesta quinta-feira (22), na Secretaria de Direitos Humanos, na Madalena, Zona Oeste do Recife, o aposentado Rogério Matos, de 69 anos, um dos acusados pela morte de Padre Antônio Henrique.
Durante duas horas e meia, Matos respondeu aos questionamentos dos integrantes e negou a participação na morte do religioso. “Era uma pessoa de paz.
Foi um ato perverso.
Considero este crime político e um ato de covardia”, disse.
Sem querer citar nomes, ele disse que suspeitava de policias do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e até de agentes da agência de inteligência civil do governo dos Estados Unidos, a CIA. “Não conheci o CCC.
Apenas ouvi falar do movimento.
Era uma organização criminosa.
Secreta.
Havia o anonimato dos membros”, completou.
A sessão seria reservada, a pedido do depoente, mas, minutos antes de começar, Rogério concordou que a imprensa acompanhasse os trabalhos.
Não permitiu, entretanto, ser fotografado.
Rogério Matos tinha 26 anos, era estudante universitário de Economia, quando foi denunciado e preso pela morte de Padre Henrique.
A defesa entrou com recurso contra a sentença de pronúncia que o levava ao Tribunal do Júri.
Durante quatro anos e três meses, Matos permaneceu na Casa de Detenção (hoje Casa da Cultura) até que por 2 votos a 1 o Tribunal de Justiça despronunciou o réu.
Matos foi posto em liberdade, com sentença transitado em julgado, portanto absolvido das acusações. “O mais importante da sessão foi que conseguimos localizar Rogério depois de muito tempo e fazê-lo falar sobre o fato.
Ele foi uma testemunha viva daquele instante.
Vamos continuar investigando”, observouu o ex-deputado estadual e relator do caso na Comissão, Pedro Eurico Padre Henrique foi torturado e morto a tiros em 1969, quando tinha 29 anos de idade.
O corpo foi encontrado em um terreno baldio, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife.
Havia tiros na cabeça, cordas no pescoço e facadas.
Na época, era auxiliar do então arcebispo Dom Helder Câmara, um dos nomes mais expressivos da Igreja Católica.
Em 1986, o caso foi arquivado por falta de provas.