(Foto: Priscilla Buhl/JC Imagem) Por Bruna Serra No Jornal do Commercio desta terça-feira Ao que parece, a derrota eleitoral no Recife não foi suficiente para o PT municipal passar em revista os erros cometidos.

O partido segue submerso na disputa de poder entre os grupos políticos, situação que vem desde o período pré-eleitoral.

No novo capítulo da celeuma, as 22 mil pessoas que preencheram a ficha pedindo filiação ao partido estão impedidas de votar no próximo Processo de Eleição Direta (PED), marcado para novembro de 2013 e tido como fundamental para desenhar a nova correlação de forças na legenda.

No último dia 10 terminou o prazo para que fossem confirmados, em reunião da Executiva municipal, os pedidos de filiação realizados até o dia 30 de outubro.

Conforme o estatuto petista, um calendário é aprovado no início do ano, estipulando datas e prazos para a realização de cada um dos trâmites partidários para o ano corrente.

Em 2012 estava previsto que as fichas teriam que ser abonadas até 10 de novembro, com a realização das plenárias de formação política acontecendo até março de 2013.

A reunião, porém, não foi convocada e o prazo foi perdido, prejudicando os novos filiados.

Na semana passada, a Secretaria Nacional de Organização do PT entrou em contato com a Executiva recifense solicitando a ata da reunião.

Sem o documento, uma vez que o encontro não ocorreu, os pedidos de filiação agora precisarão ser remetidos à Executiva nacional para que sejam abonados fora do prazo.

Dessa forma, as filiações feitas - a maioria pelo grupo do prefeito João da Costa - não estarão aptas a votar no PED 2013.

A regra base do processo é que somente filiados com mais de um ano de partido têm permissão para votar no PED.

Procurado pelo JC para explicar os motivos que levaram à perda do prazo, o presidente do PT no Recife, Oscar Barreto, afirmou que não era de sua responsabilidade a convocação e acusou a secretaria municipal de organização de ter deixado, intencionalmente, extrapolar a data. “A maioria do diretório é da Articulação de Esquerda (tendência do deputado federal e ex-prefeito João Paulo) e da CNB (tendência comandada pelo senador Humberto Costa).

Eles não queriam que essas fichas fossem abonadas, por isso o secretário de organização, Antônio Pessoa, deixou o prazo vencer”, argumentou Barreto.

Dizendo-se presidente “de uma minoria”, Oscar reconheceu que os filiados foram prejudicados. “Eu não poderia ter convocado (a reunião), quem convoca hoje é a maioria da Executiva.

O presidente não tem poder, o poder é da maioria.

A direção não se reuniu por um motivo óbvio, a maioria é contra as filiações e aí não propuseram a reunião”, disparou Oscar.

O dirigente Antônio Pessoa se defendeu, afirmando que nunca houve reunião da Executiva do Recife convocada pela secretaria de Organização. “Quem convoca é o presidente!

Os prazos são públicos, amplamente divulgados no partido.

Minha alçada é receber os pedidos”, esclareceu.

Com a impossibilidade dos novos filiados votarem, o próximo PED deve contar com o mesmo número de votantes da prévia que foi realizada antes da eleição deste ano, aproximadamente 14 mil filiados.