Carolina Albuquerque, do Jornal do Commercio A refundação da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação política do regime militar, não foi muito apreciada por nomes da política pernambucana, que inclusive foram filiados à sigla.

A estudante de direito gaúcha Cibele Bumbel Baginski, 22 anos, encabeça um grupo de 144 pessoas, em 15 Estados, que pretende promover o retorno da “verdadeira direita” ao cenário brasileiro.

O primeiro passo para a oficialização da nova Arena já foi dado com a publicação do estatuto no Diário Oficial da União.

O próximo desafio é coletar 491 mil assinaturas de eleitores de pelo menos nove Estados.

Há quem acredite que a iniciativa é um retrocesso e não terá aceitação da população. “É uma loucura.

Hoje nós estamos em plena democracia, que está consolidada.

Essa volta ao partido da ditadura não vai ter aceitação de ninguém.

Isso demonstra que a facilidade de criar partido aqui é muito grande.

Um abuso!

Por isso precisa haver uma reforma”, afirmou o deputado federal Inocêncio Oliveira (PR), que estreou a vida política ao se filiar à Arena, em 1975. “Eu fui do partido do governo (Arena), mas evolui.

Todo mundo evolui.

Na época, votei a favor das Diretas Já e pela anistia ampla, geral e irrestrita”, arrematou.

Com o fim do bipartidarismo, foi fundado o PDS, o sucessor da Arena, ao qual Inocêncio foi filiado até 1985, quando juntou-se ao PFL.

Também oriundo da Arena, o ex-prefeito do Recife Joaquim Francisco (PSB) não deu muita importância para a iniciativa. “A criação de partidos é livre.

Recentemente, criaram muitos partidos.

Não sei se terá muita aderência, é preciso juntar um número de pessoas.

Mas não dou muita importância.

Se fosse uma coisa diferente, nova…”, ponderou.

Roberto Magalhães, que foi governador de Pernambuco pelo PDS entre 1983 e 1986, preferiu não opinar.

Já o folclórico “senador boiadeiro” Ney Maranhão, 84 anos, foi enfático: “Isso é conversa para boi dormir”.

Hoje aposentado da vida política, ele chegou a ter o mandato de deputado federal cassado pelo AI-5, quando à época estava filiado à Arena. “Não existe fundar partido sem ter uma base eleitoral.

Já começa fracassado.

Essa ideia deve estar saindo da cabeça de quem não tem mais o que defender”, disse.