Por Michel Zaidan Filho O título desse artigo é uma paráfrase à tese do escritor Ariano Suassuna sobre a Cultura Popular do Nordeste.

Como o escritor paraibano (de Taperoá) é muito prestigiado pelo governador Eduardo de Acioly Campos e aliado da presidente Dilma Rousseff, achei apropriado iniciar este comentário sobre o modelo de inclusão social do PT (do novo PT?), com essa paráfrase.

Em primeiro lugar, é possível falar em novo PT a partir de uma nova forma de gestão no Brasil, iniciada pela atual presidenta da República, de que seria a mais nova manifestação a eleição do ex-ministro Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo? – É preciso considerar, antes de responder essa questão, os pilares em que se assenta tanto o modelo econômico (virtuoso?), como a natureza (republicana?) das alianças e coligações que sustentam e permitem a eleição de tais candidatos petistas.

Vejamos quais são as características desse modelo “redistributivo” do PT posto em prática a partir das sucessivas reduções de IPI e do abundante crédito subsidiado para o consumidor (a nova classe média?).

Como considerar virtuoso um modelo de “lesa-federação”, que faz cortesia com o chapéu alheio, ao renunciar unilateralmente a cobrança de impostos, que teriam de ser obrigatoriamente compartilhado com estados e municípios, num contexto de imensas necessidades sociais e de crescentes expectativas dos cidadãos pela prestação pública-estatal de bens juridicamente tutelados pelo Estado (educação, saúde, segurança, esgotamento sanitário, habitação popular, transporte público etc.)?

Só se fôr uma redistribuição de cabeça para baixo: tirar de quem não tem, para dar a quem tem muito.

Neste sentido, não compreende como o banco de fomento e empréstimo a logo prazo, como o BNDES, empresta R$ 30.000.000,00, e o governo do estado isenta por 7 anos da cobrança de ICMS um grupo econômico privado, cujas atividades se destinam a uma clientela de alto poder aquisitivo?

Mais problemático é a torrente de crédito ao consumidor para a aquisição de produtos da chamada “linha branca”, imóveis e automóveis, ajudando às “pobres” empresas montadoras multinacionais a “desovar” seus estoques.

Disse um analista.

Comentando os milagres dessa política econômica, que se trata de uma modalidade de capitalismo de Estado (com semelhança ao da China), destinado a usar o fundo público para alavancar a economia do País (?), enquanto a crise internacional não passa.

De quebra, teríamos uma nova classe média (53 milhões de pessoas) disposta a comprar tudo e a votar no governo.

E que o resto, seria preconceito da “velha classe média” contra esse fabuloso modelo de inclusão social, via crédito, renúncia fiscal e acesso a bens de consumo duráveis.

Faltou dizer que a qualidade dos serviços públicos (e o financiamento das políticas públicas) como forma republicana de inclusão social foi deixada de lado por este autêntico “American way life”.

Daí essa caótica e infernal urbanização _ paraíso da especulação imobiliária - vertical, que vem transformando as nossas cidades em reservatório de lixo, calor, barulho e incivilidade.

Modelo que celebra festivamente o casamento dos gestores públicos com agentes e promotores do tal “desenvolvimento econômico” sustentável.

Seria isso a que chamam “choque de gestão”: privatizar serviços públicos e vender o estado e a cidade a empresários, investidores, turistas e outros?

Por essas e por outras, se é para falar do novo PT, do novo modo de governar e de um novo modelo econômico-social no Brasil, só se fôr através do malogro – mais uma vez – de uma verdadeira épica popular.