Daniel Coelho sobre a PPP da Compesa, na CBN “Tenho muita tranquilidade pra falar desse tema porque eu levantei ele em abril deste ano, antes da eleição.
Fizemos essa discussão através de audiência pública na Assembleia, porque já lá atrás eu estava muito preocupado com dois fatores em relação a esse contrato: primeiro em relação a um déficit que realmente fica nas contas da Compesa, de quase 15%, o que pode acarretar num aumento da conta.
Esse é um fator.
O segundo fator é que esse contrato com a empresa privada não garante que serão saneadas as áreas de difícil acesso, as áreas de morro e as áreas mais pobres da cidade.
Então isso é realmente para nos preocupar.
Nós chegamos a quase 70% da Região Metropolitana do Recife sem saneamento básico.
Mas quem mais sofre com a falta de saneamento não são aquelas pessoas dos bairros mais ricos e mais privilegiados.
Tem até falta de saneamento nos bairros mais ricos, mas quem mais sofre são as pessoas que moram nos bairros mais pobres, nas áreas de difícil acesso, nas comunidades carentes.
E o contrato não está garantindo que vai ser ampliada a quantidade de área saneada exatamente nessas localidades.
Por isso é importante que esse assunto seja debatido e não no formato que foi trazido durante a eleição, não é com alarde, não é tentando trazer palavras de ordem para fazer discurso fácil.
Eu não sou contra que se façam parcerias público-privadas para resolver os problemas da cidade, os problemas do Estado.
Fazer uma PPP para a Compesa pode até ser boa, mas nós temos que ver o contrato, que aprofundar a discussão e esse é o papel da oposição.
Fizemos antes da eleição audiência pública para esclarecer e me senti muito solitário naquele momento.
Convocamos, tivemos o apoio de poucas lideranças políticas.
Mas no processo eleitoral esse assunto foi levantado e não por nós, quem levantou foi o PT.
Por isso, inclusive, eu espero que o PT não trate esse assunto somente em eleição.
Que ele nos ajude agora, também, nessas discussões na Assembleia.
Não quero de forma alguma ficar falando sozinho sobre esse assunto. É importante que os parlamentares também entrem nesse debate porque passou a eleição, não é hora de fazer um debate pensando no voto. É hora de pensar na população.
E quando se fala na Compesa, se está falando de quase todos os pernambucanos, que são clientes da Compesa.” Sobre a atuação da oposição “Oposição hoje, formalmente, tem nove integrantes, de um total de 49.
Ou seja, tem uma ampla maioria do governo.
Mas o intuito da oposição, inclusive, não é derrotar o governo no voto.
O intuito da oposição é debater, questionar, apresentar caminhos e, às vezes até, vencer o governo, mas vencer no argumento.
Por exemplo, quando a gente fez o debate sobre a energia nuclear ou a usina a óleo que queria se fazer no Cabo, era um debate onde a gente não tinha número.
Mas através do argumento, conseguimos convencer o governo.
Depois da eleição já trouxemos de volta a discussão sobre a Compesa, a PPP da Compesa, que preocupou muita gente durante a campanha, a possibilidade de uma empresa privada aumentar a conta d’água ou até fazer um contrato que não beneficie à população carente.
Essa é uma pauta que a oposição tem que abraçar e aprofundar.”