Por Terezinha Nunes, ex-deputado estadual Cidade irredenta ao longo da sua história de luta pela liberdade, Recife manifestou na vigência da ditadura militar de 1964 uma faceta especial de resistência.
Mesmo que não houvesse eleições para cargos majoritários ou essas acontecessem – como se deu no denominado Pacote de abril – de forma a dar a vitória antecipada ao partido do Governo na época, a Arena, a capital garantia, nos vários pleitos que foram disputados, a eleição de deputados federais, estaduais e de vereadores de oposição ao regime vigente.
Isso de dava, em geral, pela manifestação do voto consciente dos chamados “formadores de opinião” que começavam a trabalhar de forma tímida no início das campanhas eleitorais e que, a 15 dias do pleito, atuavam fortemente junto às pessoas à sua volta, convencendo-as a eleger os seus candidatos, sempre vinculados à resistência democrática.
Desta forma, candidatos cujas campanhas eram feitas através de comícios-relâmpago, impossíveis de serem vistos pelas multidões, acabavam, no final das campanhas, crescendo de forma vertiginosa e se elegendo.Até na época de maior repressão, as vozes oposicionistas recifenses estavam presentes no parlamento, mesmo correndo o risco das torturas e das prisões.
Com a redemocratização estes formadores de opinião permaneceram ainda um período em torno do PMDB, o partido que ajudara a derrubar a ditadura, mas acabaram, em grande parte, sendo conquistados pelas bandeiras éticas do PT.
Nesta eleição, a primeira em que o PT entrou em desvantagem por conta dos erros próprios – brigas internas, mensalão e péssima administração – os formadores de opinião migraram para a oposição ao PT e ao PSB, partido que dividiu com o PT a administração da capital.
Isso pode ser sentido não só na expressiva votação – quase 30% dos votos – do jovem candidato do PSDB a prefeito, Daniel Coelho, como na grande votação obtida pelos candidatos de oposição na Câmara de Vereadores.
Com quase nenhuma estrutura – ao contrário dos candidatos governistas em sua quase totalidade montados em grandes grupos que operaram, sobretudo, nos bairros periféricos – nomes de oposição bateram recorde de votação na classe média onde, em geral, se aglutinam os formadores de opinião.
Edilson Silva (PSOL) embora não tenha conquistado uma cadeira na Câmara por conta do quociente eleitoral, teve 13.661 votos, seguido de Priscila Krause, com 13 386 votos e Raul Jungman com 11.873 votos.
Em seguida vieram os tucanos André Regis e Aline Mariano.
Na seara governista só um candidato expressamente se beneficiou dos votos de opinião mas ficou na primeira suplência que é o ex-presidente da OAB, Jayme Asfora.
No PT contam-se nos dedos os vereadores que conseguiram votos de opinião.
Os que esperavam este voto e não montaram estruturas periféricas acabaram derrotados.
Desta feita os votos de opinião não se concentraram na esquerda, desgastada com a má administração recifense, mas beneficiaram políticos de esquerda não vinculados ao PT, de centro-esquerda e de direita.
Isso se deu de forma tão inusitada que, esta semana, a primeira reunião dos parlamentares de oposição na Câmara e dos que ficaram fora mas tiveram grande votação, pode juntar , num mesmo recinto, componentes do DEM, PSDB, PPS e PSOL.
Coisa inimaginável até recentemente.
Claro que, ao longo do tempo, as diferenças vão se estabelecer mas no momento a necessidade de representar os eleitores mais consciente, falou mais alto bem como a necessidade de discutir de forma séria os grandes desafios do Recife.
CURTAS PSB perde no Pajeú – Considerada a terra do arraesismo no sertão, o Pajeú não correspondeu ao desejo do PSB de eleger muitos prefeitos na área.
Os socialistas perderam a eleição em municípios importantes como Serra Talhada, Sertânia, Tabira e São José do Egito.
Dos maiores, só venceu em Afogados da Ingazeira.
Parabens - Presidente nacional do PSDB, o deputado federal Sérgio Guerra recebeu muitos parabéns em Brasília para onde retornou esta semana, após internação hospitalar.
O fato de o PSDB ter saído das eleições municipais pernambucanas como o segundo em número de votos – só perdendo para o PSB – foi festejado como um grande avanço em se tratando do estado onde Lula nasceu.
Garanhuns – O novo prefeito de Garanhuns, Izaías Regis, reconhece que, após o apoio que recebeu do ex-prefeito Silvino Duarte (PSDB) que desistiu da disputa, consagrou sua vitória.
Por isso Izaías tem consultado Silvino após a eleição sempre que precisa tomar decisões importantes.