Este documento parte do pressuposto de que o Partido Socialismo e Liberdade é um projeto em construção, originado na perspectiva de reorganizar o campo social da esquerda socialista no Brasil.

Desde o nascimento desse jovem partido inúmeros embates internos se dão necessariamente, para definir os rumos da melhor maneira de ocuparmos o espaço político abandonado pelo Partido dos Trabalhadores, vide sua trajetória de aproximação contínua com os partidos da direita e o campo social conservador deste país.

O PSOL, corajosamente, apresentou-se sempre como uma alternativa política e de poder, visando o caminho inverso do trilhado pelo PT e seus partidos satélites.

Apresentamos consecutivamente duas candidaturas à Presidência da República, representadas pela vereadora alagoana, Heloisa Helena e depois pelo histórico militante da esquerda nacional, Plínio de Arruda Sampaio.

Temos uma atuação diferenciada no Congresso Nacional, com uma bancada que apesar de pequenina, é sempre destacada pelos órgãos de imprensa, como os melhores e mais atuantes parlamentares, sejam na Câmara de Deputados ou na Casa Alta.

Nestas eleições municipais, ocorridas em 2012, com orgulho comemoramos um salto significativo em nossas bancadas de vereadores, além de eleger o primeiro Prefeito, na cidade de Itaoacara, no estado do Rio de Janeiro.

Situação que ao longo de 7 anos de vida credencia o PSOL como uma força política viva e que independente dos espaços institucionais, disputa os rumos da sociedade brasileira, seja no âmbito das cidades ou no âmbito do Estado Brasileiro.

Em Pernambuco o cenário apresentado não diferencia, temos representações em diversas cidades do estado, seja na RMR, no agreste ou no sertão.

Onde quer que estejamos temos de forma contínua prezado pela batalha de nos apresentar como uma alternativa popular e democrática, para superar radicalmente as oligarquias que imperam no poder da maioria das cidades pernambucanas.

Seja na disputa do governo do estado ou da prefeitura da capital, até antes do recente processo eleitoral, o partido seguiu publicamente a trajetória que nacionalmente vinha desempenhando, apresentando o Presidente estadual da legenda, Edilson Silva, como o nome a representar esse projeto localmente.

Mas, desde antes das eleições deste ano a maioria da direção do partido em Pernambuco optou por deixar o projeto do partido em segundo plano para construir o projeto político da pessoa do Edilson Silva.

A própria construção da candidatura deste se deu por uma via arbitrária, uma vez que impôs via congresso estadual que sua candidatura a vereador nas eleições de 2012 fosse prioritária no estado.

Consequência disso seria a submissão das demais candidaturas da chapa proporcional à condição de meros puxadores de voto para a sua candidatura, com o objetivo de viabilizar a sua eleição.

Nós que compreendemos um setor articulado do PSOL em Pernambuco, que exercitamos internamente a boa prática da crítica política, visando outra forma de concepção partidária, entendemos, ao contrário, que a apresentação de nomes do partido as disputas eleitorais, devam convergir às intenções de nos fazermos presentes no parlamento e no poder executivo, com as denúncias contra as opressões do sistema capitalista, apoiando as lutas populares e construindo o alicerce político e social da edificação de um modelo de sociedade socialista.

O então pré-candidato a vereador começou a colecionar uma série de arbitrariedades internas, tais como a retirada do nome da até então pré-candidata a prefeita do Recife, Noélia Brito, que antes havia sido indicada pelo próprio grupo do Edilson Silva, para ocupar tal posição, no momento em que esta se converteu em entrave para seus objetivos.

Noélia foi substituída por Albanise Pires no momento em que havia se encerrado os prazos para inscrições das pré-candidaturas, visando às prévias, conforme estabelecido no III Congresso do PSOL.

Tal candidatura depois de ter sido aprovada em conferencia eleitoral teve seu nome sujeito a substituição, uma vez que surgiu a possibilidade do partido compor chapa com o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT), partido que integra a base do governo Eduardo Campos, deslegitimando a já contestável prévia que havia escolhido Albanise Pires como nome para disputar a prefeitura.

Na convenção do partido, foi declarado apoio a candidatura de Paulo Rubem, sem que essa estivesse confirmada, o que submeteu a inserção do PSOL na disputa majoritária a uma decisão da cúpula nacional do PDT, que vetou a candidatura para compor a Frente Popular de Pernambuco com o PSB, a qual o próprio Paulo Rubem declarou apoio publicamente.

Excluída a possibilidade de coligação com o PDT, a direção seguiu optando pela ausência de uma candidatura própria, lançando o candidato Numeriano (PCB), com Albanise como vice.

Sob este histórico a candidatura de Edilson Silva se apresentou a sociedade recifense como alternativa democrática, mas se sustentando por métodos autoritários.

Compreendemos que a apresentação de uma candidatura socialista deve trazer em seu seio práticas democráticas, como o respeito as resoluções construídas coletivamente pelos militantes do partido e a sua submissão as organizações populares dos trabalhadores, na qual deve ser expressão de seus interesses.

Nesse sentido, a utilização de meios antidemocráticos para justificar uma candidatura que lança mão de uma retórica democrática não condiz com os princípios e práticas socialistas de um partido como o PSOL.

O seu percurso no processo eleitoral só confirmou tais práticas, como ocupar grande parte do tempo de TV, por vezes até o espaço destinado ao candidato a prefeito e a utilização da sede do PSOL, espaço de todos os militantes, como comitê de sua campanha.

O resultado do processo eleitoral foi uma expressão dessa política que legou a maior inexpressividade do PSOL no cenário político local, uma vez que o partido que teve mais candidaturas nas capitais (no total 23), não apresentou candidatura própria em Recife.

Sofreu uma diminuição drástica do voto de legenda: 3.978 votos em 2008, 420 votos em 2012. À exceção de Edilson, os restantes dos candidatos juntos tiveram uma votação menor que todos os candidatos juntos nas eleições de 2008 (6.502 votos em 2008, 2.016 votos em 2012).

Exposto isso, fica visível que Edilson Silva procurou dissociar a sua candidatura do projeto político do PSOL, o que explica o resultado eleitoral positivo para Edilson e extremamente negativo para o PSOL.

Com isso vemos a proposta de construção de um “gabinete sombra”, a partir da exploração política de um sentimento de “auto vitimização” por não ter sido eleito, consequência de não ter atingido o quociente eleitoral, sendo utilizado com o objetivo de acumular para si força política e até recursos financeiros.

Como se já não bastasse a ruptura com a construção do partido, o “vereador sombra” Edilson Silva propõem agora uma articulação política com os partidos que pretendem compor a oposição de direita a futura administração municipal, notadamente o PPS, o DEM e o PSDB, partidos que fazem uma oposição pontual, mas que no poder, impuseram aos trabalhadores uma lógica tão cruel quanto a que observamos hoje ou talvez pior.

Um alinhamento político que desconsidera o esforço de nossos militantes, que se opõem a governos liderados ou integrados por esses partidos no estado de Pernambuco.

Trata-se, com isso, não apenas uma ruptura orgânica, mas também ideológica.

Se tratando de um membro da Executiva Nacional do partido suas atitudes tornam-se ainda mais reprováveis e descompromissadas com a construção de um projeto partidário democrático e anticapitalista.

Pelo exposto, não reconhecemos a construção de seu falso mandato que estabelece amplo diálogo com setores da direita no estado, assim como repudiamos a sua conivência, enquanto Secretário Geral do partido, com a aproximação do PSOL com partidos da direita em outros estados do país, como no caso do Macapá, em claro desrespeito com as resoluções partidárias.

Assim, exigimos da direção nacional do PSOL um posicionamento acerca das atitudes anti-partidárias do senhor Edilson Silva, que comprometem nossa militância, que sempre se pautou no debate amplo e democrático com os setores oprimidos, com os trabalhadores, não com a velha direita que sempre representou os interesses da classe dominante em Recife e Pernambuco.

Tomamos essa posição como necessidade de afirmar o Partido Socialismo e Liberdade como alternativa de esquerda e socialista no âmbito local e nacional.

Assinam esse documento: Adalberto Alencar – militante do PSOL Ouricuri André Justino – candidato a prefeito PSOL São Lourenço da Mata Berlano Andrade - militante PSOL Recife Carlos Aurélio Serpa Azevedo - militante PSOL Paulista Cristina Queiroz Lins – militante PSOL Recife Daniel Rodrigues - militante PSOL Recife Edier Sabino – candidato a prefeito PSOL Surubim em 2012 Fabiana Honório– Diretório Estadual PSOL PE e candidata a vereadora em Ipojuca Gabriel Augusto - militante PSOL Recife Galba Leça – tesoureiro do PSOL Ipojuca Germana Nascimento – militante PSOL Ipojuca Gustavo Dantas - militante PSOL Recife Ivalda Vieira Alves santos – militante PSOL Ipojuca Luciana Assis - candidata a vereadora em 2012 e membro da Comissão Provisória de Ipojuca Roberta Menezes de Sousa, feminista Synara Klyni - militante do PSOL Recife Verônica Telles – militante PSOL Ipojuca